Nos últimos meses, a KPTL formulou uma estratégia dentro de sua operação para explorar o mercado de corporate venture capital (CVC). A frente foi desenhada no ano passado e estreou oficialmente em fevereiro deste ano, com um acordo para a gestão de um fundo de R$ 50 milhões do Banco Regional de Brasília (BRB).
Nesta segunda-feira, 26 de junho, a gestora deu mais um passo em sua estratégia de se aproximar das grandes empresas que desejam montar veículos de investimento de olho nas startups. Em conjunto com a consultoria Inventta, a KPTL está lançando a Inventtures, joint venture que tomará as rédeas das operações de CVC.
"A joint venture é uma oferta integrada de CVC que abrange os dois elementos necessários para que um fundo deste tipo dê certo”, diz Bruno Moreira, fundador da Inventta e sócio da Inventtures ao NeoFeed. “A Inventta entra com a inovação corporativa, porque um veículo de CVC não é somente um instrumento, e a KPTL conhece o mercado e sabe como investir.”
Com a união de forças, a Inventta expande sua área de atuação, que atualmente é mais voltada para a criação de teses de inovação do que para a gestão própria dos fundos de investimento em startups.
Desde que foi fundada, em 2004, a companhia já prestou serviços deste tipo para companhias como Suzano, Grupo Boticário, Votorantim Cimentos, entre outras. “A gente não estava aproveitando a oportunidade”, diz Moreira, que será CEO interino da Inventtures até que a empresa contrate outro executivo para o cargo.
Do lado da KPTL, a Inventtures serve para auxiliar na criação de teses de inovação que poderão resultar no desenvolvimento dos novos fundos de CVC. Antes da parceria, a gestora estava mais limitada aos acordos com empresas que já tinham essas teses definidas. Foi o caso do BRB, no qual a KPTL ajustou a agenda de inovação com os objetivos de um novo fundo de investimento.
“O venture capital tem que ser um sucesso, o investimento tem que dar certo. Mas o CVC não pode estar desconectado da estratégia de inovação corporativa”, diz Gustavo Junqueira, diretor da KTPL e fundador da Inseed, empresa que se fundiu à A5 Capital Partners para dar origem à gestora. “Quando a gente pega o melhor dos mundos, a gente cria esse one-stop-shop.”
O investimento em startups
Fruto da fusão de A5 Capital Partners e a Inseed Investimentos, a KPTL tem R$ 1 bilhão em ativos sob gestão. Ao longo de sua história, a gestora já levantou mais de R$ 1,3 bilhão em dez fundos diferentes e investiu em mais de 110 empresas. No ano passado, a companhia terminou o ano tendo aportado mais de R$ 86 milhões em startups.
Ainda que a estreia oficial da KPTL em CVC tenha ocorrido neste ano com o trabalho realizado junto ao BRB, a gestora já havia trabalhado em conjunto com outras corporações interessadas no investimento em startups. Isso foi feito com a criação de fundos setoriais para agtechs, govtechs e de floresta e clima. Os veículos contam com parceiros como Multilaser, Positivo, Jacto e Fundo Vale.
A Inventtures já tem alguns contratos engatilhados com empresas que almejam a criação de seus veículos de CVC. Um deles é com a Citrosuco, uma das maiores produtoras mundiais de suco de laranja e que pertence ao grupo Votorantim. Os detalhes deste acordo, no entanto, são mantidos em sigilo.
Ainda que de uma forma mais limitada, a Inventtures também poderá participar de negócios firmados pela KPTL antes da criação da joint venture. Por exemplo, no caso do BRB, Junqueira diz que a ideia é de que a nova empresa possa atuar para analisar os ganhos de inovação que o banco poderá obter com o crescimento das startups em que irá investir.
O CVC segue em alta no Brasil. No ano passado, as transações por meio destes veículos movimentaram US$ 797,9 milhões com 95 negócios concretizados, segundo um estudo realizado pela consultoria Distrito. Ainda que o volume tenha sido menor do que o de 2021, de US$ 835,5 milhões, ela é quase quatro vezes maior do que a registrada em 2020: US$ 242,3 milhões.
Outras gestoras também estão de olho no mercado de CVCs. A Slat Ventures, por exemplo, foi criada por Sandro Valeri (ex-Ahead Ventures) para brigar por um espaço neste mercado. Em março, a nova gestora já negociava a criação de fundos de R$ 200 milhões. A MSW Capital, por sua vez, trouxe a Embraer para seu segundo fundo Multicorp, que é financiado também por BB Seguros, Moura Baterias e Agência Estadual de Fomento do Rio de Janeiro (AgeRio).