A Hotmart é o mais recente unicórnio a anunciar cortes. A startup, que atua com cursos profissionais, demitiu 227 funcionários, cerca de 12% da equipe, nesta quinta-feira, 19 de outubro.

“A reestruturação visa a eficiência operacional”, disse Resende, ao NeoFeed. “Nós repriorizamos projetos e objetivos internos para ter a execução mais focada e é a partir disso que o escopo e a dimensão das equipes mudam.”

Questionado sobre quais projetos estão sendo repriorizados, o empreendedor disse que não iria comentar, pois entraria na “estratégia de produtos e go-to-market.”

De acordo com ele, apesar dos cortes, a empresa segue saudável, rentável e crescendo. “E o nosso objetivo é preservá-la assim. Startups não rentáveis têm um risco adicional no cenário atual”, acrescentou Resende.

Em uma mensagem publicada na internet, Resende disse ainda que a empresa esperava um crescimento pós-pandemia que não aconteceu, o que levou a esse ajuste. Com os cortes, a Hotmart mantém ainda mais de 1,7 mil funcionários.

A Hotmart se tornou um unicórnio, como são chamadas as empresas avaliadas em mais de US$ 1 bilhão, em março de 2021, após um aporte de R$ 735 milhões. A rodada foi liderada pela TCV e contou com participação da Alkeon Capital. A General Atlantic faz parte também da base de acionistas da startup.

A companhia tem presença no exterior, com escritórios em mercados como México, Estados Unidos, Colômbia, Holanda e Espanha, além de clientes em 188 países. Resende também não comentou ao NeoFeed se iria sair de alguma das geografias em que está presente.

Segundo uma reportagem publicada em julho deste ano no NeoFeed, a Hotmart disse ter mais de 29 milhões de clientes no Brasil e 420 mil produtos cadastrados. Na ocasião, a companhia estava anunciando a compra da eNotas, fintech que trabalha com a emissão de notas fiscais eletrônicas. O valor da transação não foi divulgado.

Crise dos unicórnios

A Hotmart é mais um dos unicórnios a realizar cortes. Entre as startups bilionários do Brasil, Loggi, QuintoAndar, Loft, Facily, Vtex, Ebanx, Mercado Bitcoin e Olist já realizaram cortes.

As razões são diversas, mas decorrem de uma crise de liquidez do mercado de venture capital, o que tem feito muitas empresas a economizar recursos para evitar uma captação.

O receito de algumas delas, se captarem, é sofrerem “down rounds”, ou seja, receberam uma avaliação menor do que a última avaliação.

Um “down round” é um processo que pode ser traumático. Em geral, os fundadores da startup acabam se diluindo muito. Além disso, afeta a política de stock options, uma estratégia usada por startups para atrair talentos.