Um estudo realizado pelo PitchBook, uma empresa de dados do mercado privado que pertence à Morningstar, elencou os locais no mundo onde o venture capital (VC) possui os melhores ecossistemas, em termos de desenvolvimento e de taxa de crescimento.

Dentro de um universo de 20 ecossistemas mais desenvolvidos em VC, o report Global VC Ecosystem Rankings inclui nove cidades nos Estados Unidos e oito na Ásia, mostrando que essas são as regiões mais frutíferas para o capital de risco. Na Europa, apenas Londres e Berlim figuram no relatório.

Esse ranking avalia a maturidade dos ecossistemas desenvolvidos, ou seja, a capacidade de startups baseadas na cidade para garantir capital, crescer, saírem com sucesso e criar retornos acima do mercado.

A cidade de São Francisco aparece em primeiro lugar com 89,4 pontos, enquanto Nova York está na segunda colocação, com 75,8 pontos, e a chinesa Pequim fecha o pódio com 74,9 pontos.

Segundo a PitchBook, o volume de negociações em VC (tanto de saídas de investimentos como de captações de recursos) na região onde está o Silicon Valley, berço do surgimento de inúmeras startups globais, tem sido robusto há vários anos.

Durante um período de seis anos, do terceiro trimestre de 2017 ao segundo trimestre de 2023, US$ 364,5 bilhões foram investidos em startups sediadas em São Francisco, enquanto startups sediadas em Nova York atraíram menos da metade desse valor.

A cidade israelense de Tel Aviv é um dos destaques desse ranking, na 20ª colocação. Por lá estão mais de 6 mil startups, das quais mais de 60 já atingiram o status de unicórnio ao ultrapassarem valor de mercado de US$ 1 bilhão. Mas, nesse momento, o ambiente de inovação da região está abalado com a guerra entre Hamas e Israel e a convocação de milhares de funcionários para lutar no front.

Além das cidades com o ecossistema mais desenvolvido, a análise do PitchBook apresenta um ranking com as pontuações de crescimento. O objetivo é destacar clusters de VC que têm crescido nos últimos anos. Esses lugares poderiam estar aumentando sua atividade de capital de risco em um ritmo mais rápido do que locais mais estabelecidos, caros e saturados.

Cidades com pontuação alta de crescimento podem ter pegadas de capital de risco menos desenvolvidas, mas podem ter melhores vantagens em relação ao custo-benefício, e aos investimentos e o crescimento futuro. Com aumento da competição e os custos aumentando em clusters de VC bem conhecidos, startups e investidores estão visando novos locais para conduzir esse tipo de investimento.

Na liderança desse ranking está a cidade de Dubai, que emergiu nos últimos anos como centro empresarial, turístico e financeiro, com 72,8 pontos. Detroit, um local conhecido historicamente por ser a região onde as principais montadoras do setor automotivo estão localizadas, ficou em segundo lugar - uma indicação de que está emergindo como um centro tecnológico.

Berlim entrou na terceira posição e foi a mais destacada entre as cidades europeias. São Paulo aparece na lista em 18º lugar e é a única representante da América do Sul na lista do PitchBook.

"O Brasil ainda está muito aquém do seu potencial. Ainda temos menos de 10% do nosso PIB relacionado a inovação e tecnologia. Porém já estamos vendo uma relevância crescente por conta das taxas de expansão. Teremos cada vez mais destaque em índices como este", analisou Oscar Decotelli, CEO da gestora de Private Equity DXA Invest.

Segundo o estudo, as cidades de Nova York, Xangai, Londres e Berlim foram as que tiveram o ecossistema mais equilibrado entre desenvolvimento e crescimento.

A análise do report foi feita com base em um sistema de pontuação, avaliando o tamanho, maturidade e taxas de crescimento de um ecossistema de VC usando dados proprietários da plataforma PitchBook.

O objetivo do estudo é ajudar fundadores, operadores e investidores a identificar locais com potenciais de maiores retornos no longo prazo.