Na próxima segunda-feira, 23 de agosto, a Sympla irá reabrir suas portas, em Belo Horizonte. O retorno acontecerá, no entanto, em uma nova sede, distribuída em cinco andares de um prédio instalado no bairro Savassi, na região centro-sul da capital mineira.
Essa não é a única mudança na operação da startup, uma das investidas da Movile, grupo que também reúne negócios como o iFood, as fintechs Zoop e Movile Pay, e as empresas de games Afterverse e PlayKids.
Fundada em 2012, a Sympla é dona de uma plataforma que permite a qualquer pessoa ou empresa criar, organizar, gerir e divulgar eventos de toda espécie, de shows e festas a congressos e cursos. E agora, sob novo comando, vive a expectativa da volta dos eventos presenciais.
“Nós estamos nos preparando e trazendo as tendências e modelos para essa retomada”, diz, ao NeoFeed, Tereza Santos, que assumiu como CEO da Sympla em abril. Ela substituiu o fundador Rodrigo Cartacho, que passou a ocupar um assento no board da startup.
Com a perspectiva do retorno dos eventos presenciais, a tendência é que o formato, que perdeu espaço durante a pandemia para as alternativas digitais desenvolvidas pela plataforma, volte a ganhar força e mais relevância na operação.
“Mas essas duas vertentes não competem, elas são complementares”, afirma Tereza. “Vamos dar peso ao presencial, que sempre foi o coração da nossa operação. Mas não temos motivo para tirar o pé do acelerador no digital, onde avançamos muito na pandemia.”
Nesta entrevista, Tereza conta como a Sympla está enxergando e se preparando para essa retomada. E fala de algumas novidades no portfólio. Entre elas, o lançamento de uma evolução em seu modelo de assinaturas, voltada inicialmente para arenas de futebol. Confira:
A Sympla já conseguiu recuperar os níveis e indicadores pré-pandemia?
Estamos próximos da média mensal de 3 milhões de ingressos, de antes da pandemia, e com uma base de 32 mil eventos simultâneos na plataforma. Em julho, foram mais de 1,5 milhão de ingressos para eventos presenciais e mais de 1 milhão de ingressos vendidos para eventos online. Eu acredito que o presencial vai voltar muito forte, porque há muita demanda reprimida.
Onde a Sympla vai depositar mais energia? No presencial ou no digital?
Nós trabalhamos com equipes estruturadas e apartadas para cada uma dessas frentes. Elas não competem. Mas, até para não perder a carona da retomada e porque esse sempre foi o nosso core, vamos dar bastante peso ao presencial, que vai voltar com força total, mas sem parar o que vínhamos fazendo no digital, olhando, principalmente, as experiências híbridas. E falar que os eventos voltarão como eram, é mentira. Não vão voltar. O que estamos acelerando muito é: o que volta? E como vem? Estamos em um momento de ditar tendências, de participar das decisões que estão por vir e de sair na frente com tecnologia para o atendimento dessas demandas.
Há alguma região que está mais avançada no que diz respeito a liberações de eventos presenciais?
Algumas regiões, como Sudeste e Sul, estão voltando mais forte. Além do Nordeste, que retorna muito por conta do carnaval e também do réveillon. E os réveillons são o segmento mais aquecido até aqui.
E quanto aos eventos corporativos, como está a demanda nesse segmento?
Aqui, acredito que a tendência das empresas é permanecerem mais no digital, no lugar de retomar grandes eventos presenciais. Até por uma questão de tempo das pessoas.
Em termos de oferta, a Sympla desenvolveu alguma novidade para a retomada no presencial?
Nós acabamos de lançar uma evolução do modelo de assinatura voltado a cadeiras cativas, em arenas de futebol, para sócios-torcedores, dentro da nossa plataforma presencial. Ainda não posso revelar o parceiro desse lançamento, mas a assinatura vem com alguns diferenciais. Além de pagamentos recorrentes, o usuário vai poder ter, por exemplo, ciência do que está comprando, de qual visão terá a partir daquele assento. Ainda estamos na fase de discutir os projetos, mas estamos pensando em adicionar a esse pacote experiências que essa pessoa não teria na arena, como assistir um treino ou estar no vestiário virtualmente. É um estágio embrionário ainda. E isso será estendido para teatros e qualquer outro formato de lugar marcado.
E qual será o papel do digital nessa retomada?
A experiência do presencial é muito forte para ser substituída, mas pode ser complementada pelo digital, que permite outros recursos e experiências, e que não estará restrito a uma simples transmissão.
Que tipo de experiências complementares são essas?
Já tivemos alguns cases recentes, nos quais os produtores vendem poucos ingressos e fazem uma sessão intimista, um meet & greet com o artista. E já temos projetos, por exemplo, com teatros que estão pensando em fazer a transmissão sob diferentes ângulos, entre eles, a visão do artista, de quem está assistindo poder navegar pelos ambientes do teatro. Outro exemplo é a possibilidade de quem comprar o ingresso presencial para um show assistir virtualmente a passagem de som. Estamos começando a criar e discutir essas experiências imersivas que no presencial o espectador não teria.
E como funciona o diálogo da Sympla com as demais empresas investidas da Movile. Há alguma novidade nessas conexões?
Esse é um verdadeiro ecossistema que se complementa e há trocas e buscas constantes de soluções. Estamos avaliando, principalmente, algo na área de alimentos e bebidas, para os eventos. E conversado também com as fintechs do grupo, para desenvolver, talvez, alguma linha de crédito voltada aos produtores de eventos para auxiliá-los nessa retomada.