Hernan Kazah é um dos grandes nomes do venture capital da América Latina. Ao lado do sócio Nicolas Szekasy, ele transformou a Kaszek em uma gestora com mais de nove fundos que já investiram em mais de 120 startups. Entre as investidas estão hoje gigantes como Nubank, Gympass, QuintoAndar, entre outras.
A ascensão da Kaszek no mercado de startups aconteceu muito antes da euforia que tomou conta do setor nos primeiros anos do pós-pandemia. Em 2022, as startups latino-americanas captaram mais de US$ 9,6 bilhões em 1,3 mil rodadas realizadas. O valor caiu para US$ 4 bilhões no ano seguinte.
Vista como uma das principais justificativas para a euforia do mercado de venture capital na América Latina, a enxurrada do chamado “capital turista” financiou o crescimento agressivo de startups. Os múltiplos foram inchados e os valuations escalaram para a estratosfera.
“Houve um grupo de investidores que veio para a região porque viu atividade e achou que era um bom momento para isso”, disse Kazah, durante sua participação no Web Summit, no Rio de Janeiro. “Quando as coisas mudaram, eles saíram muito rápido.”
Kazah afirma que esse “capital turista” gerou uma distorção no mercado. Ainda assim, o investidor entende que há espaço para gestoras estrangeiras investirem no Brasil. “Há investidores que estão comprometidos com a região e isso é ótimo”, afirmou o fundador da Kaszek.
Em reportagem publicada em março deste ano, o NeoFeed mostrou que algumas gestoras que apostam principalmente em empresas que estão em estágio de growth estavam recuperando o otimismo com a saída do “capital turista” do País. Entre elas, a Riverwood.
Kazah não comentou sobre os planos da Kaszek para o mercado brasileiro, mas disse que a gestora tem olhado para negócios que envolvam finanças, saúde, educação, além de climatechs e operações com modelos B2B. A gestora está em fase de captação de dois fundos que somam quase US$ 1 bilhão.
Outro ponto de vista sobre o mercado de venture capital brasileiro foi sobre a onda de inteligência artificial. Kazah enalteceu o movimento na região, mas pediu mais agilidade aos empreendedores. E fez uma comparação dos founders brasileiros com aqueles do Vale do Silício ao afirmar que a competição por funding no Brasil é menor do que nos Estados Unidos.
Ele também disse que o impacto da tecnologia nos negócios é mais relevante na região. “É difícil dizer o que é melhor (entre empreender por aqui ou no exterior), mas há uma grande oportunidade na América Latina.”