A gestora brasileira Volpe Capital está “dobrando” a sua aposta no México com dois aportes que mostram o apetite pelo país, um ecossistema de inovação em desenvolvimento e, por conta disso, cheio de oportunidades.
A Volpe Capital participou de uma segunda tranche de US$ 45 milhões de um investimento de US$ 70 milhões liderada pela QED Investors na Aplazo, uma fintech que atua no modelo “buy now, pay later”. Os atuais investidores, Oak HC/FT, Kaszek e Picus Capital, também seguiram o round.
Além da Aplazo, a Volpe Capital está liderando um aporte de US$ 7 milhões, que está sendo seguindo pelo IFC, o braço do Banco Mundial no setor privado, na Welbe, um plano de saúde para pessoas de baixa renda no México, na qual a gestora já investia.
“O México é um mercado incipiente em criação de valor. É um ecossistema que está 10 anos atrás do Brasil, mas que tem, pontualmente, algumas empresas interessantes”, diz André Maciel, fundador da Volpe Capital, ao NeoFeed.
De acordo com ele, o mercado “buy now, pay later” foi um negócio que a Volpe Capital sempre olhou com muito ceticismo. Mas a Aplaza apresenta alguns números que o surpreenderam.
A fintech, fundada por Angel Peña e Alex Wieland, cresceu sua receita três vezes em 12 meses e conseguiu fazer isso com uma margem de dois dígitos, depois do custo do funding.
Além disso, o México é um país em que o dinheiro físico ainda é usado por mais de 80% das pessoas, o que indica um espaço muito grande de crescimento para a Aplazo. “É uma economia que funciona com dinheiro. E acredito que isso vai mudar”, afirma Maciel.
Se a falta de transações financeiras online ainda é um dilema no México, a questão de saúde também é uma “dor” que tem feito empreendedores investirem em como melhorar esse problema.
É o caso da Welbe, fundada pelos brasileiros Marcus Paiva e Eduardo Medeiros, que ajuda empresas, através de dados, a gerir a saúde de seus funcionários – além de firmar parcerias com clínicas e laboratórios para consultas e exames.
Aqui, mais uma vez, a Volpe está enxergando um mercado potencial gigante. Segundo Maciel, o setor privado de saúde atende 8% da população mexicana. No Brasil, são aproximadamente 25% que tem um plano de saúde.
Portfólio internacional
Além de Aplazo e Welbe, que são mexicanas, a Volpe Capital conta com outras duas startups internacionais em seu portfólio: a Teya, criada pelos fundadores da Stone, e a Connectly, que, apesar de ser americana, tem o Brasil como seu principal mercado.
Maciel enxerga potencial de o portfólio da Volpe ser até 25% global. E o México, em sua visão, tem espaço para atrair mais investimentos.
Hoje, a Volpe Capital faz o deal flow dos potenciais investimentos diretamente do Brasil. E tem como aliados muitos fundos locais, como o caso da Nazca, que coinvestiu na Welbe com a gestora brasileira.
“O México tem muito fundos que fazem rodadas anjo e seed”, afirma Maciel. “Mas não tem ninguém que faz crescimento. E, por isso, esses fundos mostram o pipeline e o portfólio que têm.”
A Volpe Capital, que captou seu primeiro fundo com US$ 102 milhões, já alocou 40% do capital e acredita que pode investir entre 20% e 30% em 2024, o que seria o seu ano mais ativo.
O principal motivo para isso é que a gestora brasileira acredita agora que o mercado está com boas oportunidades a valuations atrativos.
Além disso, boa parte do portfólio, que inclui CRMBonus, Caju e Zippi e Atlas, estão crescendo de forma acelerada. De acordo com Maciel, o retorno do fundo, desde o lançamento, está, em dólar, entre 13% e 14%.