O family office Brainvest tem a expansão territorial como marca. Nascida em Genebra para gerir o dinheiro offshore de famílias brasileiras, a casa vem conseguindo aproveitar os elementos geopolíticos globais, principalmente nos Estados Unidos, para crescer, usando a sua força como hub global.

“Algumas famílias têm nos procurado com dois objetivos: ter mais recursos fora do Brasil e não nos Estados Unidos. Ou seja, diversificar na Suíça”, disse Jan Karsten, CEO da Brainvest Brasil, ao programa Wealth Point, do NeoFeed.

“Cada vez mais vemos os brasileiros querendo sair do Brasil e isso é uma oportunidade para nós, porque podemos atender tanto a parte da família que está na Europa, como nos EUA ou qualquer lugar”, complementa Fernando Gelman, CEO global da Brainvest.

Com cerca de US$ 5 bilhões sob gestão, os gestores enxergam uma grande avenida de crescimento no País, principalmente com a nova geração de famílias cada vez mais indo para outros lugares do mundo.

A Brainvest montou operação no Brasil e, nos últimos dois anos, acelerou com aquisições, novos sócios e capilaridade fora do eixo Rio de Janeiro e São Paulo. Passou a comprar e integrar times especializados, abrir praças e costurar parcerias regionais para crescer no Brasil.

Em 2023 fez uma fusão com a KPC Consultoria e com a ENSO, gestora do interior de São Paulo com expertise em cuidar de famílias do agrobusiness. Em seguida, comprou algumas gestoras regionais.

A grande virada de chave da Brainvest veio no fim de 2021 com a americana Merchant Investment Management, que tem mais de 100 parcerias com empresas de gestão de patrimônio no mundo e aproximadamente US$ 230 bilhões em ativos no seu ecossistema, comprando 20% da empresa. Com isso, a Brainvest passou a operar nos EUA, ganhou musculatura e tem buscado uniões estratégicas.

“O mercado de gestão de patrimônio precisa de capilaridade. Conseguimos mais originação fora dos grandes centros financeiros e hoje já temos mais da metade dos nossos recursos geridos no Brasil”, disse Karsten.

A ancoragem na suíça é tanto um diferencial como estratégica. Estar em Genebra e em Zurique mantém a equipe próxima de alocadores sofisticados e de negócios privados que não passam pelas prateleiras tradicionais — de Israel aos Emirados, da Ásia à Índia. A região continua sendo o berço de single family offices, e gerando grandes oportunidades de investimentos em conjunto.

Para Karsten e Gelman, a evolução do mercado brasileiro caminha para um híbrido entre Europa e EUA: bancos fortes, mas com instituições independentes ganhando espaço e um ecossistema de fintechs que acelera a desintermediação.