Com o desenvolvimento das plataformas, das assessorias e das boutiques de investimento, o Bradesco, como praticamente todos os grandes bancos, perdeu clientes e funcionários. O que motivou uma reestruturação para reposicionar o Bradesco Private.
O resultado foi um crescimento de 60% desde 2019, saltando de salto de R$ 269 bilhões sob gestão para os atuais R$ 430 bilhões, com uma captação recorde de R$ 50 bilhões em 2021.
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As mudanças começaram com a contratação de profissionais. Nos últimos cinco anos, foram contratados do mercado 60% de todos os profissionais que não são crias da casa, trazendo novas visões e conhecimento. E, nesse período, muitos deles foram postos na linha de frente para fazer o atendimento ao cliente.
Atualmente, 82% dos profissionais são front office, com grande atenção para a função do advisor, que é quem faz o aconselhamento dos investimentos. Além disso, a área de private banking do Bradesco fortaleceu sua sinergia com o corporate, ganhando clientes através do cross-selling.
“Somente no ano passado, mais de 400 famílias vieram referidas pela área corporate. Essa conexão foi um grande diferencial nos últimos anos”, disse Guto Miranda, head do Bradesco Global Private Bank, ao Wealth Point, programa do NeoFeed que entrevista os principais gestores de wealth management do Brasil.
Além disso, dois privates banking internacionais saíram do País e transferiram a carteira onshore de seus clientes para o Bradesco, o que deu um empurrão no crescimento. São o J.P. Morgan, em 2020, e BNP Paribas, em 2022.
O crescimento não veio só de clientes novos, mas também de antigos, que deixaram o banco ou reduziram o seu share of wallet, e que voltaram nos últimos anos. Para a concorrência, essa volta é apenas temporária devido à alta atratividade dos produtos bancários com os juros em dois dígitos.
Mas Miranda discorda. “O cliente percebeu que a vida não é só trading e existem outros serviços essenciais. E a possibilidade de customização conectando várias áreas é uma vantagem das grandes instituições.”
Uma das novidades foi a compra do BAC Florida Bank, em Miami (EUA), rebatizado no ano passado de Bradesco Bank, onde tem sido feitas contratações de peso para formar equipe de advisors. “A compra do banco fechou o nosso gap estratégico de atendimento das famílias private e de alta renda”, afirma Miranda.
Miranda acredita que a área possui diferenciais para continuar entre os grandes players do mercado pelos próximos anos. “A gente tem a capacidade de conhecer os clientes, pelo relacionamento de gerações com as famílias. Mas temos o desafio de fazer as transformações necessárias rapidamente, como qualquer empresa grande.”