Poucos meses depois de lançar a área de crédito, no fim de 2022, a Absolute Investimentos foi impactada pela crise da Americanas e da Light. O mercado travou e fez secar novas emissões de empresas.

O que parecia ser um dos piores momentos para apostar em crédito acabou se transformando na maior oportunidade da Absolute Investimentos, que viu a área ir de zero a R$ 27 bilhões em menos de três anos – hoje, a gestora tem R$ 58 bilhões em todas as suas estratégias (ações e multimercados).

“O crédito está numa posição melhor do que as outras estratégias da casa por conta de debêntures incentivadas”, afirma Paulo Bokel, sócio e head de crédito da Absolute Investimentos, ao Café com Investidor, programa do NeoFeed que entrevista os principais investidores do Brasil. “Neste ano, até junho, já captamos R$ 7 bilhões.”

A Absolute soube surfar a onda do crédito privado. Depois que a crise da Americanas passou, o mercado voltou com força total, puxado principalmente por títulos incentivados, que não pagam Imposto de Renda.

Em 2024, as emissões de crédito privado somaram R$ 633,6 bilhões, de acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

Nos seis primeiros meses de 2025, o apetite seguiu alto. De acordo com um levantamento da Pop BR, precificadora de ativos de crédito da LUZ Soluções Financeiras, o volume financeiro no mercado secundário somou R$ 517 bilhões.

Mas isso pode mudar. A Medida Provisória 1303/2025 acaba com a isenção de diversos papéis de renda fixa, que passam a ser tributados em 5%. Por outro lado, o governo dá fim à tabela regressiva (de 22,5% a 15%) e estabelece uma alíquota fixa de 17,5% para outros investimentos, como as debêntures tradicionais.

Essas medidas são capazes de acabar com a festa do crédito privado que apoiou essa expansão nos títulos incentivados? De acordo com Bokel, é cedo para avaliar. Para ele, no entanto, não há dúvida: a medida vai ter impacto no mercado. “O brasileiro prefere um prejuízo isento a um lucro tributado”, brinca o sócio da Absolute.

Nesta entrevista, que você assiste no vídeo acima, Bokel analisa o impacto da tributação no mercado, fala também sobre o IOF na área de crédito e conta os próximos passos da Absolute Investimentos.