Marcio Verri, fundador e CEO da Kinea, a gestora de ativos alternativos que é controlada pelo Itaú, prefere que um interlocutor, se tiver boas e más notícias, comece a conversa pelas informações ruins. Ele também é avesso a celebrar números alcançados pela gestora – quando a Kinea chegou à expressiva marca de R$ 100 bilhões sob gestão, Verri vetou comemorações.
“Não vamos fazer festa pois estamos entregando os nossos mandatos. A consequência disso é trazer volume”, diz Verri, ao Café com Investidor, programa do NeoFeed que entrevista os principais investidores do Brasil e que tem o apoio da JHSF. “Não temos obsessão por crescer. Temos obsessão por performar bem e entregar nossos mandatos.”
Dessa forma discreta, no entanto, a Kinea saltou de R$ 75 bilhões sob gestão, no começo de 2023, para mais de R$ 130 bilhões sob gestão em quase dois anos, um avanço de mais de 70%. Esse crescimento acontece em meio a uma crise da indústria de investimentos – em especial a que aposta em ativos alternativos, mais suscetível à taxa alta de juros.
A receita essa expansão é algo que Verri leva para a vida. Assim como gosta de fazer vários esportes (ouça no fim do vídeo os seus hobbies), ele também investe em diversas classes de ativos.
O catálogo da Kinea vai desde fundos líquidos, que inclui previdência, crédito, multimercado, renda fixa e ações, e passa por fundos imobiliários (em que a Kinea é uma das maiores do Brasil), Fiagros, fundos de infraestrutura, private equity e venture capital.
“Várias verticais, que estavam em estágios diferentes de maturação, acabaram amadurecendo e fizeram esse salto em volume de gestão”, diz Verri.
Uma das principais foi a de crédito privado, que inclui infraestrutura, operações especiais e crédito imobiliário, que cresceu a despeito da crise de Americanas e Light, eventos que afetaram o mercado no ano passado. “A crise da Americanas não era de crédito, mas de confiança”, afirma Verri. “Os créditos privados começaram a ter spreads mais favoráveis e os investidores aproveitaram para fazer a alocação.”
A área de infraestrutura é outra classe de ativos nas quais a Kinea está investindo. A gestora levantou R$ 1,3 bilhão em um fundo de private equity e já fez dois investimentos. O primeiro deles na Corsan (Companhia Riograndense de Saneamento), na qual participou do consórcio vencedor da privatização com Aegea e Perfin.
O segundo investimento foi na Mini Solares do Brasil, em que comprou 40% da empresa que planeja a implantação e gestão de parques solares distribuídos nos estados de Mato Grosso, Goiás, Bahia, Pernambuco e Ceará até 2025.
“Investimos R$ 450 milhões e temos um pipeline robusto”, afirma Verri, explicando que a tese do fundo de infraestrutura é generalista. “Queremos fazer um fundo diversificado.”
Nesta entrevista, que você assiste no vídeo acima, Verri detalha todas as teses da Kinea, fala sobre a frase que ele leva para a vida e conta a história de como surgiu a gestora, que nasceu de um não que ele deu para o Itaú em 2006, logo depois de a instituição comprar o BankBoston, onde ele trabalhou por 18 anos.