O come-cotas mexeu com a estratégia de investimentos das grandes fortunas. Desde que a cobrança do imposto passou a valer para os fundos exclusivos, muitas contas passaram a ser feitas. E os ativos isentos passaram a receber uma atenção especial.

“Os ativos isentos de infraestrutura entraram no radar de forma definitiva após a tributação dos fundos exclusivos fechados ter começado a valer no início deste ano”, afirmou André Benchimol, sócio do multi family office G5 Partners.

Um estudo da G5 Partners mostrou que um patrimônio de R$ 50 milhões deixa de ganhar R$ 16,9 milhões em 15 anos sendo tributado com o come-cotas.

Durante o NeoConference, evento do NeoFeed, Benchimol destacou que, enquanto os Certificados de Recebíveis Imobiliários e do Agronegócio (CRIs e CRAs) já faziam parte das rotinas de investimento, as aplicações isentas têm atraído cada vez mais o interesse de investidores, inclusive daqueles que estavam insatisfeitos com o desempenho dos fundos multimercado recentemente.

No primeiro semestre deste ano, as emissões de debêntures atingiram o recorde da série histórica, somando R$ 206,7 bilhões. O volume de operações também cresceu de 155 em 2023 para 289 em 2024, o que equivale a 86,5% mais emissões. A consequência é que essa disparada estreitou os spreads das ofertas.

“Aconteceram muitas emissões grandes, os vários fundos de crédito, sejam de infraestrutura ou crédito privado simples, debêntures, cresceram muito de tamanho. E os spreads fecharam muito. Então, hoje, muitas emissões estão vindo quase sem spread em relação à NTN-B [investimento mais comum na renda fixa]”, disse Benchimol.