A International Meal Company (IMC), operadora das redes Pizza Hut e KFC, além de marcas como Frango Assado e Viena, firmou uma joint venture com a Kentucky Foods Chile e vendeu o controle da operação do KFC no Brasil no fim de março deste ano.
Por quase 60% do negócio, a IMC recebeu US$ 35 milhões e vai manter pouco mais de 40% da operação, que foi avaliada em US$ 60 milhões - o valor é equivalente ao market cap atual da IMC.
"Se só o KFC vale US$ 60 milhões, não tem sentido a IMC valer US$ 60 milhões. Isso marca claramente que a soma das partes vale mais do que o todo", diz Alexandre Santoro, CEO da IMC, ao Números Falam, programa do NeoFeed.
A partir de agora, a IMC deixa de fazer novos aportes de capital para a expansão da marca KFC no Brasil, enquanto o sócio operador, que já administra quase 600 lojas fora do País, fará os investimentos futuros.
Essa parceria ajudou no processo de desalavancagem da IMC. Entre o primeiro e segundo trimestres deste ano, a alavancagem da companhia caiu de 2,6 vezes para 1,7 vez.
Daqui para a frente, o objetivo é ter uma estratégia focada no equilíbrio entre crescimento de vendas e manutenção de rentabilidade. No segundo trimestre do ano, a companhia registrou receita líquida consolidada de R$ 590,8 milhões, crescimento de 3,6% sobre o mesmo período do ano anterior.
Isolando o efeito de fechamento de lojas de baixa performance no Brasil e nos Estados Unidos, o crescimento foi de 9%. O Brasil se destacou com alta de 16%, enquanto os Estados Unidos recuaram 2% em meio a desafios macroeconômicos e operacionais.
"O grande desafio é conseguir fazer as duas coisas: atrair mais pessoas para as lojas e fazer isso com rentabilidade", diz Santoro.
A margem bruta consolidada atingiu 35,8% no trimestre. O executivo esclareceu que, diferentemente de alguns concorrentes, a IMC inclui mão de obra das lojas nesse indicador, o que explica o aparente diferencial em relação a empresas que divulgam margens na casa dos 60%.
"Estamos pensando em rever isso para o próximo ano para ficar mais transparente", afirma o CEO.
Engenharia reversa
Um dos destaques do segundo trimestre foi a estratégia promocional do KFC, que contribuiu para o crescimento de 15,5% nas vendas mesmas lojas. A empresa desenvolveu uma promoção de "dois sanduíches por R$ 19,90" usando engenharia reversa.
"Tínhamos convicção de que R$ 20 era o preço de referência. Fizemos o caminho inverso: como criar uma oferta percebida como de qualidade pelo cliente, mas que tivesse margem positiva", diz Santoro.
A estratégia funcionou e cerca de metade dos clientes que compraram a promoção adquiriram itens adicionais.
Entre abril e junho deste ano, as vendas digitais totais saltaram 56,9%, atingindo R$ 325 milhões no trimestre. No KFC, a implementação de terminais de autoatendimento em praticamente 100% das lojas resultou em tíquete médio 8% a 9% superior ao balcão tradicional, com a automatização de sugestões de produtos adicionais.
Na Pizza Hut, foi desenvolvido um aplicativo próprio para melhorar margens no delivery. E no Frango Assado, terminais de pagamento de comandas agilizaram o atendimento em períodos de alta demanda.
Listada na B3, a ação MEAL3 acumula 30,6% de valorização no ano. O valor de mercado da IMC é de R$ 380 milhões.