A Fami Capital chegou a R$ 75 bilhões sob custódia, cerca de R$ 10 bilhões a mais do que a empresa tinha no ano passado quando Faros e Messem fizeram a maior fusão da indústria de assessoria de investimentos. O plano, agora, é manter um ritmo forte de captação e buscar aquisições estratégicas para dar robustez ao seu ecossistema de serviços financeiros.

“Somos bastante abordados por várias casas, como maior player do mercado, e temos conversado com muita gente”, afirma Mauro Silveira, sócio e fundador da Fami Capital, ao Wealth Point, programa do NeoFeed que tem o apoio do Banco Master. “Ficamos experts no assunto após nossa própria fusão. Mas para fazer sentido é preciso ter fit cultural e não só agregar mais que volume.”

A empresa acredita que o mercado de wealth management vai se consolidar e quer ser um protagonista desse movimento. Estão na mira tanto assessorias de investimento como wealths. "Existem muitas assessorias e wealths pequenas no mercado e temos conversado com diversas delas para absorver o que faz sentido para a gente", diz Samy Botsman, que também é sócio da Fami Capital.

Os dois têm experiência em M&As e fusões. Silveira, fundador da Messem, foi abordado por Botsman, fundador da Faros, em um jantar nos Estados Unidos. Em aproximadamente um ano construíram uma relação de confiança para criar um negócio que, hoje, é um business diversificado com área de seguro, câmbio, corporate, wealth, asset, entre outros. A ideia era se unir para fazer uma corretora de investimentos, mas, com a mudança na regulação, os planos foram postergados na reta final de conseguir a liberação.

"Quando a gente analisou se ainda fazia sentido continuar no projeto de corretora light vimos que teria muito pouco upside, porque na verdade ainda é preciso de uma corretora full para operar. Mantendo assim, ficamos mais leve para crescer. E, se for interessante, seremos uma corretora full no futuro. E depois da nossa decisão, várias outras assessorias seguiram os mesmos passos", diz Silveira.

O fato de não virar  uma corretora, no fim do dia, não se tornou um problema. Botsman afirma  que com a decisão o "casamento ficou mais leve". "Já estávamos casados e felizes, apesar de estressados com várias burocracias. Sem elas, o casamento ficou mais leve, veio mais dinheiro e ficou ainda melhor", afirma Botsman.

A nova regulação possibilita também que a Fami Capital tenha sócios capitalistas. Segundo a empresa, há interessados em investir. Mas, neste momento, a empresa não está preocupada com capital para crescer, porque já gera mais recursos do que precisa para os seus objetivos.

Os dois fundadores da Fami, no entanto, entendem que a entrada de investidores de private equity neste business é uma questão de tempo, como ocorreu nos Estados Unidos e na própria XP. "É engraçado pensar que temos hoje o tamanho que a XP tinha quando a General Atlantic investiu nela. Vemos este como um caminho desse mercado, mas que dependerá muito das expectativas em relação a investimentos no Brasil", afirma Silveira.

Neste momento, o único sócio-investidor da Fami Capital, além da XP, é o ator Murilo Benício. "O Murilo sempre me pediu para entrar [como sócio]. Ele gosta do negócio, é um cara antenado e com visão de longo prazo”, diz Botsman.

Um ecossistema financeiro em expansão

Na assessoria de investimentos, o plano é chegar a R$ 100 bilhões sob custódia até o fim de 2025. Com o ritmo de captação de cerca de R$ 2 bilhões por mês que teve em 2024 e mais o crescimento da carteira, a meta pode ser atingida organicamente.

Outra área em que a empresa de investimentos também vê grandes oportunidades é no seu family office. Rebatizado de Faros Multi Family Office, a consultoria atende famílias com pelo menos R$ 25 milhões de patrimônio, em diversas plataformas de investimento, inclusive no exterior, onde tem um RIA (Register Independent Adviser) nos EUA. O seu total sob aconselhamento já passa de R$ 14 bilhões.

Há, também, a sua asset management, a Persevera, que busca crescer tanto dentro da própria Fami como no mercado, e já mais que dobrou de tamanho neste ano, passando os R$ 2 bilhões sob gestão.

Com todas essas frentes de negócios, 30% da receita da empresa já não vêm da assessoria de investimentos.