Há 20 anos, o serviço de family office era para famílias muito, muito ricas, tanto que havia pouquíssimas casas independentes. Com o passar dos anos, a tecnologia e a disponibilidade de profissionais tornaram possível o atendimento personalizado a famílias "apenas" ricas. Com isso, diversas casas de family offices foram surgindo.
Neste contexto, uma das casas mais tradicionais do mercado, a Turim MFO, de quase 25 anos e que só atende famílias com ao menos R$ 100 milhões de patrimônio, resolveu entrar nesse jogo. Em 2024, lançou a Tori, para atender clientes de R$ 10 milhões a R$ 100 milhões do mesmo jeito que a Turim, com independência, no modelo fee based e grande exposição internacional.
Mas faltava uma peça importante para atender esse público. Se a Turim só atendia pelo modelo de gestão discricionária e de modo muito personalizado, era necessário tecnologia e expertise para escalar esse business para um público maior.
E é aí que entra a Vita. Em março deste ano, como mostrou com exclusividade o NeoFeed, a Turim adquiriu a Vita de forma estratégica, incorporando o braço de multi-family office de R$ 4 bilhões sob gestão na Tori e ganhando expertise e licença também como consultoria, além de toda a plataforma tecnológica da Vita para escalar um business para o low private.
Com a transação, Ricardo Guimarães e Arthur Mello, da Vita, passaram a fazer parte da Tori, como CEO e co-CIO da Tori, respectivamente. “A Turim trouxe uma estrutura de time de investimento mais estruturada e de grande expertise. E a gente também trouxe da Vita um pouco de tecnologia nova para encaixar e escalar para tíquetes mais baixos”, diz Guimarães, no Wealth Point, programa do NeoFeed.
Agora em novembro, a Tori está completando um ano e alcançou R$ 5 bilhões sob consultoria e gestão. “Devemos continuar com crescimento orgânico. Temos uma base boa, mais de 200 famílias, e 80% do crescimento vem de indicações de clientes. Já é uma boa avenida”, afirma Mello.
A Turim, na transação, também passou a ser sócia da Vita B2B, que é uma aceleradora de family offices. Essa operação já tem 21 empresas plugadas pelo país e tem como objetivo capturar o crescimento do mercado independente de wealth management localmente.
A empresa acredita que essa transformação está começando, com os clientes entendendo cada vez mais o que é o modelo de remuneração fee based, como pode ser prejudicial o conflito de interesses entre instituições financeiras e reconhecendo o valor de players independentes.
“Nos Estados Unidos, o mercado independente é 80% da indústria, os bancos não têm mais o cliente. E isso porque se vê, linha a linha, quanto pagou de corretagem, câmbio e rebate de fundos. Em algum momento, vamos chegar nisso por aqui. É inevitável”, diz Guimarães.