A Klavi, startup de coleta e inteligência de dados provenientes do open finance, nasceu em 2019 com um foco muito distinto da proposta atual da empresa. Na época, a companhia, fundada pelo brasileiro Bruno Chan e pelo chinês Stone Zheng, era chamada por outro nome, CrediGo, e funcionava como um aplicativo de gestão financeira.
Logo após ser lançado, o aplicativo registrou mais de 150 mil downloads e recebeu a confiança de investidores da China, que acreditaram no futuro do negócio e financiaram as primeiras rodadas da companhia, pré-seed e seed. Ao fim daquele ano, a startup já contava com aproximadamente 400 mil usuários, mas não sabia exatamente o que fazer com esse número.
“O problema do B2C é que você tem um custo muito alto de aquisição de usuários e tem muita dificuldade de monetizar essa base”, diz Chan, CEO da empresa, ao Vida de Startup, programa do NeoFeed. “Apesar de estarmos conseguindo desenvolver o negócio em volume, nós tínhamos muito problema de retenção e não sabíamos como escalar de forma eficiente.”
Em meio a todas essas dúvidas, outros aplicativos de gestão financeira, concorrentes da CrediGo, começaram a ter um desempenho ruim, colocando em xeque a viabilidade do negócio. Esse cenário causou muitos questionamentos por parte dos fundos, o que começou a preocupar ainda mais os fundadores da empresa.
Foi assim que, no início de 2020, Chan e Zheng tomaram a decisão que mudaria completamente a trajetória da empresa. Trocar o foco de B2C para B2B, se tornando, então, a Klavi.
“É muito comum as startups precisarem pivotar os seus modelos de negócios, mas isso costuma ocorrer de forma leve, com alguma mudança no produto e não no público que a empresa atende”, diz Chan. “Foi muito difícil fazer essa virada e saber dar continuidade ao B2B, após passar quase dois anos aprendendo como trabalhar diretamente com o cliente final."
Na visão do empreendedor, a sorte da Klavi foi poder contar com os fundos e investidores que haviam acreditado na tese desde o início e seguiram junto com os fundadores na mudança de chave.
Para isso, ele conta que foi preciso um bom trabalho de convencimento, já que grande parte desses investidores estava na China e entendia muito pouco sobre o mercado brasileiro.
O esforço parece ter dado certo. Nos últimos cinco anos, a Klavi já ajudou mais de 20 milhões de brasileiros a terem acesso a serviços de empresas de setores como o financeiro, varejo e telecomunicações, por meio desses dados coletados pelo open finance.
Para isso, a empresa levantou uma nova rodada seed e também uma série A, que ultrapassaram o montante de US$ 17 milhões. Banco BV, Vivo Ventures, Iporanga Ventures e Parallax Ventures fizeram parte dessas captações.