Como os robôs podem ajudar na gestão de portfólios tem sido tema de debate na indústria de asset management brasileira. Mas esse modelo de gestão já é uma especialidade para gestoras sistemáticas estrangeiras, como a americana Acadian Asset Management.
Com US$ 120 bilhões sob gestão, a Acadian vê o amadurecimento do mercado brasileiro como oportunidade para sua expansão global. E quer atrair clientes locais para o seu modelo.
No início de junho, a gestora fundada em 1986, em Boston, intensificou os contatos com family offices e fundos de pensão locais fazendo roadshows, contando com apoio da HMC Capital, parceira da asset na América Latina. E viu um grande interesse pelas estratégias sistemáticas e sua descorrelação com outras estratégias, mas ainda estão mais tímidos para alocar devido às altas taxas de juros.
“A gestão sistemática tem crescido no mundo e conquistado principalmente os investidores institucionais, que separaram bem como querem capturar alfa e beta. Para realmente capturar alfa nos mercados sofisticados de forma escalável, a tecnologia é fundamental”, afirma Michael Gleason, vice-presidente e diretor de estratégias alternativas em ações, em entrevista ao NeoFeed.
Com o crescimento do mercado brasileiro de capitais e o amadurecimento dos investidores institucionais sobre a importância de diversificação de geografias e estratégias de investimento, a Acadian acredita que o País pode se tornar um dos principais polos de crescimento para a casa fora dos Estados Unidos. Atualmente as outras cidades em que a gestora tem escritório são escritórios em Londres, Cingapura e Sydney.
A gestora afirma que já possui clientes brasileiros e o acesso aos fundos ainda é apenas via veículos offshore, mas a gestora já avalia formas de adaptar seus produtos ao ambiente local.
“O Brasil está preparado para absorver soluções mais sofisticadas e tem um acelerado acúmulo de riqueza. Estamos muito otimistas sobre o crescimento dessa região”, diz Gleason.
“Acreditamos que será um processo até os investidores brasileiros entenderem de fato os benefícios de longo prazo da gestão sistemática. Mas desde já vemos um interesse que nos deixa muito animados”, complementa.
Na visão do especialista, a gestão sistemática ganhará cada vez mais espaço não só no Brasil como no mundo. A expansão da indústria dos últimos 20 ou 30 anos só tende a acelerar esse movimento. E com um mercado global evoluindo para ser mais simétrico, encontrar oportunidades de geração de alfa se tona cada vez mais desafiador.
Os robôs e o modelo de gestão
A Acadian foi uma das primeiras gestoras a adotar modelos sistemáticos para a construção de portfólios. A filosofia, baseada em dados e algoritmos, permite à gestora fazer milhares de apostas independentes com controle rigoroso de risco. Enquanto a gestão tradicional, também chamada de discricionária, tende a se concentrar em poucos ativos e a tomar decisões fundamentalistas por não conseguir acompanhar tantos ativos.
A gestora atua na gestão de ações, crédito e alternativos, como fundos multimercado sistemáticos com estratégias de volatilidade controlada e multiestratégias, que combinam mais de uma para gerar alfa.
A busca por diferenciação no trilionário mercado de gestão sistemática mundial tem levado a Acadian a incorporar ferramentas de machine learning e inteligência artificial. A gestora utiliza modelos para ler transcrições de resultados em vários idiomas, identificar padrões em dados alternativos e testar sinais com redes neurais – mas sempre sob supervisão humana.
O portfólio é construído por processos sistemáticos, mas há um gestor revisando o modelo e dando inputs de novos eventos, como notícias corporativas e dados macroeconômicos e tomando a decisão final.