A Galapagos Capital acaba de entrar no mercado de ETFs. A companhia de investimentos global com mais de R$ 32 bilhões em ativos sob gestão tanto no mercado de wealth management quanto no de asset management, estreia nesta quinta-feira, 9 de outubro, o GLFT11, um fundo listado na B3 de renda fixa lastreado em Letras Financeiras do Tesouro (LFT).

O produto foi desenhado para atender os alocadores do mercado financeiro. A ideia é que ele seja utilizado para ser o caixa de curtíssimo prazo por esses profissionais.

Esse ETF da Galapagos ataca um ponto sensível no dia a dia dos alocadores: o vácuo entre o vencimento de produtos e a nova oportunidade de alocação. Hoje, o dinheiro fica "parado" ou vai para um fundo de caixa, que tem de pagar IOF se for utilizado em menos de 30 dias.

Com o ETF, o IOF é zerado e a alíquota de imposto é única em 25% de IR. A taxa de administração é de 0,19% ao ano e a formação de mercado ficará a cargo do BTG Pactual.

De largada, o produto vai atender os próprios interesses da Galapagos. A expectativa é que outros family offices queiram utilizá-lo, assim como consultores de investimento. E, por ser um produto listado em bolsa, fica disponível para todo o mercado.

Para comandar essa nova operação, a empresa trouxe Bruno Stein, que dedicou os últimos 20 anos para o mercado de ETFs em casas como BlackRock e Global X - dois dos maiores players globais no segmento, além de acumular passagens pelo Itaú Unibanco, AllianceBernstein, e Safra, sua última casa.

Ele chega com a missão de estruturar uma esteira de produtos que atendam à demanda de gestão de portfólio da Galapagos e, assim, de outros wealth managers.

“O mercado de ETF no Brasil ainda é muito voltado para o varejo, investimento direto em pessoa física. Mas esse também é um excelente produto para o alocador, para quem faz gestão ou consultoria de recursos de forma profissional", diz Stein, ao NeoFeed.

A unidade também conta com Vitor Batista, profissional com longa trajetória no setor, que participou da concepção do projeto, iniciado em julho deste ano. Eles integram o time da asset sob a liderança de Fábio Guarda, sócio e CIO da Galapagos.

“Desde que começamos a asset queríamos ter uma prateleira completa. Mas precisávamos amadurecer outros canais primeiro", afirma Guarda. "Temos certeza de que entramos para brigar com os grandes players desse mercado, que ainda é muito jovem.”

Para a Galapagos, há algumas mudanças estruturais que explicam por que esse mercado deve decolar agora. O primeiro foram as mudanças regulatórias que permitiram a criação de ETFs de renda fixa e também de ativos não convencionais.

Soma-se a isso o crescimento do modelo de remuneração em wealth management de fee based e a transparência dos custos imposta pela nova regulamentação da CVM 179.

Por serem produtos que não pagam rebates, não há incentivos para assessores de investimento ou bankers no modelo comissionado alocarem em ETFs. Mas, no modelo de fee based, começa a contar mais a eficiência dos produtos - um quesito forte do instrumento.

A Galapagos projeta lançar novos produtos em breve. Estão no radar os grandes temas do mercado internacional: cripto, temáticos, commodities e produtos de renda.

Os ETFs representam 0,6% da indústria de fundos brasileira, que tem mais de R$ 10 trilhões sob gestão. Nos Estados Unidos, já passaram os fundos mútuos e alcançaram mais de US$ 12 trilhões sob gestão. As maiores gestoras desse mercado são as trilionárias BlackRock e Vanguard.

“O mercado de ETFs ainda está engatinhando no Brasil, há muita coisa a ser explorada e não há dúvida que vai crescer. Nos Estados Unidos já é metade do mercado de assets. Se aqui chegar a um quarto já será uma mudança estrutural”, afirma Stein.