A Gama Investimentos, hub independente de fundos globais, em parceria com a gestora Man Group, com mais de US$ 167 bilhões sob gestão, acaba de trazer para o Brasil uma estratégia de renda fixa internacional focada em títulos com grau de investimento.

Esse é o primeiro produto distribuído pela Gama enquadrado para investidores em geral conforme a instrução 175 da Comissão de Valores Imobiliários, que entrou em vigor no fim do ano passado. Anteriormente, fundos que alocam 100% de seu patrimônio no exterior estavam limitados aos investidores qualificados (com, pelo menos, R$ 1 milhão em investimentos).

A escolha desse produto para estrear na prateleira do investidor de varejo foi pelo fato de a estratégia ser extremamente conservadora. Ele investe apenas em títulos corporativos com grau de investimento, ou seja, de baixo risco. Além disso, o fundo local, Man GLG Global Investment Grade Opportunities BRL FIF Multimercado IE, foi estruturado como hedge cambial.

“Sabemos que ainda há um trabalho de educação a ser feito com o investidor do CDI, porque a renda fixa no Brasil é líquida, rentável e sem risco. Mas esses títulos são vistos como mais seguros que o próprio título nacional”, diz Bernardo Queima, CEO da Gama Investimentos, em entrevista do NeoFeed.

O fundo visa superar o índice ICE BofA Global Large Cap Corporate Index, projetado para acompanhar o desempenho de títulos de dívida emitidos por grandes empresas em todo o mundo, mas sem restrição de benchmark. A seleção dos ativos é feita com uma abordagem bottom-up, quando a tomada de decisão se concentra em detalhes das empresas.

A gestão dos títulos é ativa, com cerca de 100 a 120 emissores, sem restrição setorial ou geográfica, projetado para proporcionar renda e crescimento de capital no médio a longo prazo. A estratégia é liderada pelo gestor Jonathan Golan, e rendeu 22,5% em dólar em 2023. Na visão da Gama, o fundo deve atrair diferentes investidores, como wealth e institucionais, e não apenas o público de varejo.

“Esse é particularmente um bom momento para o investimento em renda fixa, pois estamos passando por um ajuste de normalização das políticas monetárias mundiais após a crise financeira de 2008, e os yields estão o dobro do que foram no passado, podendo chegar a 9% ao ano em papéis high grade”, afirma Ian Caó, sócio e CIO da Gama Investimentos.

A taxa de administração total será de 0,69%, incluindo o veículo local e o fundo alvo no exterior, sem taxa de performance. Em breve, o produto estará disponível nos principais bancos e plataformas do país.

E com a abertura do mercado, outras gestoras estão animadas em aumentar a aposta no mercado brasileiro. Segundo a Gama, o público de varejo corresponde a um terço do mercado de fundos. E hoje os maiores fundos globais no Brasil são os fundos de BDR, exatamente porque eram o veículo que podia ser acessado também pelo público geral.

“Muitas gestoras que trabalham conosco estão muito animadas com o mercado. Estamos estruturando fundos locais já lançados enquadrados agora para o público em geral e estamos trabalhando com 12 novos mandatos nesse momento. É um potencial gigantesco que se abriu para os internacionais”, diz Queima.