A Kaya Asset, gestora de ativos alternativos criada no ano passado pelo ex-Enforce (BTG Pactual) Willian Andrade e ex- MAG Seguros Dyego Galdino, está diversificando seu portfólio com a inclusão de dois novos segmentos: royalties musicais e antecipação de receitas de mídia para clubes de futebol.
Para 2025, a Kaya Asset espera movimentar cerca de R$ 100 milhões nessas duas áreas com dois FIDCs, de R$ 50 milhões cada. Para esses produtos, R$ 20 milhões já foram levantados com investidores da casa e capital próprio. O restante está sendo captado com wealth managers e institucionais.
"Os investidores buscam cada vez mais estratégias alternativas, que são descorrelacionadas com o mercado financeiro e com grande potencial de retorno. Vemos uma grande oportunidade tanto em royalties musicais como antecipação de receitas de mídia como segmentos inovadoras para atender essa demanda", afirma Willian Andrade, sócio-fundador da Kaya Asset, em entrevista ao NeoFeed.
Segundo Andrade, o mercado de royalties musicais transaciona cerca de US$ 50 bilhões por ano mundialmente, mas aqui no Brasil são apenas R$ 1,5 bilhão por falta de conhecimento e profissionalização dos músicos. E algumas gestoras têm abocanhado o filão desse mercado com grandes nomes da música que por si só já geram receitas de dezenas de milhões de reais.
A Kaya, que já atua com special situations, pretende entrar com outro foco, unindo mais médios a pequenos artistas que não conseguem sozinhos ter força para negociar seus royalties ou não conseguem antecipar seus direitos para ter caixa para investir em outras coisas.
“Nossa intenção é que o FIDC seja um pool de artistas que não tem tanta visibilidade, e que juntos ganhem volume e mais poder de negociação com as plataformas. Já estamos em negociação com vários artistas interessados vendo como um passo importante de profissionalização”, afirma Dyego Galdino, sócio-fundador da Kaya Asset.
A gestora vê potencial de chegar a R$ 200 milhões sob gestão nessa estratégia nos próximos três anos. A aposta em direitos de transmissão de futebol, um mercado que gira em torno de R$ 5 bilhões por ano, também não fica atrás.
Enquanto players grandes como XP e BTG estão procurando os grandes clubes de futebol, a Kaya está olhando os clubes de menor investimento, que não são procurados por eles, principalmente os da série B do Campeonato Brasileiro - embora estejam de olho, também, nos da série A, pois acesso e descenso são dinâmicos ano a ano.
As negociações, segundo a gestora, já estão em curso, com muitos clubes interessados em profissionalizar essa receita e mesmo conseguir mais força de negociação dentro de um grupo para negociar com TVs, mas também streamings.
“Há grandes players que já tomaram grandes clubes que estão mais organizados em SAF [Sociedade Anônima do Futebol] ou em uma gestão mais profissionalizada. Mas vemos que outros clubes estão vendo as vantagens e querem ter também. Queremos ser uma alternativa para essas casas de tickets menores”, afirma Andrade.
A Kaya Asset terminou o ano de 2024 com cerca de R$ 200 milhões sob gestão em special situations, nas estratégias de legal claims (créditos judicializados) e corporate solutions - que procura créditos vencidos e não pagos de alta complexidade, com ou sem garantias, contra grandes empresas públicas ou privadas.
Esse montante já conta com alguns retornos de capital de estratégias mais curtas que conseguiram em média um retorno anualizado de 30%.
Agora, com as novas verticais e crescendo o segmento de special situations, a gestora quer chegar a R$ 500 milhões sob gestão até o fim do ano. E o cenário financeiro conturbado pode ajudar.
“Para quem faz special situations houve muitas oportunidades de comprar ativos com desconto e agora em 2025, com os juros mais desafiadores, acreditamos que haverá ainda mais”, afirma Galdino.
“Ao mesmo tempo em que os investidores mais sofisticados buscam estratégias descorrelacionadas e aumentam cada vez mais a sua alocação em alternativos para ter retornos mais expressivos”, complementa.