A música sertaneja dominou as paradas de sucesso do Brasil e as plataformas de streaming nos últimos anos. Ao emplacar oito das dez músicas mais tocadas em 2023, ela foi a principal responsável pelo crescimento de 15,4% do valor arrecadado pelo mercado fonográfico brasileiro no ano passado, que somou R$ 2,5 bilhões, segundo levantamento da Pro-Música, entidade que representa as principais gravadoras e produtoras fonográficas do Brasil.

De olho no potencial de ganhos do gênero, a plataforma de ativos alternativos Hurst Capital está lançando tokens que permitem aos investidores receberem royalties de alguns dos principais hits sertanejos, calculando que o portfólio tem potencial de oferecer uma rentabilidade de 21%.

"O sertanejo é o gênero que está crescendo bastante, liderando os rankings de rádios, se destacando cada vez mais, representando uma boa oportunidade de investimento", diz ao NeoFeed Ana Gabriela Mathias, COO da MUV, empresa do grupo Hurst Capital, a responsável pela originação da operação.

A gestora adquiriu, no mês passado, o catálogo de composições de Lari Ferreira e Renan Valim, que entre as músicas tem hits como "Todo Mundo Vai Sofrer", gravado por Marília Mendonça e que conta com 465 milhões de plays no YouTube, e “Romance com Safadeza”, gravada por Anitta e Wesley Safadão e que registra mais de 260 milhões de visualizações na plataforma.

Com a operação, a Hurst ficou com o direito ao fluxo de recebíveis relacionados aos direitos autorais dessas e outras músicas, recolhidos pelo Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) toda vez que elas são tocadas nas rádios, plataformas de streaming e na televisão, por um período de 36 meses.

A gestora tokenizou esses direitos e gerou um ativo que dará ao investidor a possibilidade de receber mensalmente os royalties das músicas do catálogo, dependendo da quantidade de tokens que adquirir.

A operação prevê um aporte mínimo de R$ 10 mil pelos tokens, disponibilizados na plataforma da empresa, sendo que a Hurst já vendeu 10% dos ativos. Segundo Mathias, o investimento pode render 21% em um cenário base com pagamentos mensais, pelo prazo de 36 meses, considerando o fluxo de pagamento feito pelo Ecad para as músicas que estão no catálogo.

"É um ativo descorrelacionado da bolsa de valores e da economia. Não importa o cenário, porque a rentabilidade vem da quantidade de vezes que a música é tocada", diz Mathias. "Se um diretor da Globo resolver colocar a música do portfólio na abertura de uma novela, a rentabilidade vai lá para cima, por exemplo."

Além dos valores arrecadados com a venda dos tokens, a Hurst cobra uma taxa de 5% pela originação e conta com uma taxa de performance de 20% do que exceder o cenário base previsto.

O catálogo da Hurst

O catálogo das composições de Lari Ferreira e Renan Valim é a mais recente operação da Hurst envolvendo tokenização de royalties musicais. Ela já fez operações do tipo com os direitos das músicas de Paulo Ricardo, ex-vocalista e baixista da banda RPM, e de Luiz Avellar, pianista que, entre outras composições, é o responsável pela trilha sonora do filme “Tainá”.

Além de música, a Hurst já originou tokens em cima das obras do pintor Alfredo Volpi, como também de títulos mais tradicionais, como precatórios, recebíveis e imóveis. No ano passado, ela pagou um total de R$ 18,2 milhões aos investidores que adquiriram os tokens de 102 operações. A rentabilidade projetada da maioria dos ativos ficou acima de 18% ao ano.

Para 2023, a Hurst planeja realizar duas operações de tokenização por mês. A próxima a ser lançada será dos direitos das músicas do cantor gospel Jessé Aguiar. A empresa também estuda gerar tokens em cima de fluxo de ingressos de shows, mas Mathias diz que ainda é preciso entender a questão dos custos de produção dos eventos.