O ditado popular “o olho do dono é que engorda o gado” pode ser usado como metáfora em qualquer tipo de negócio para explicar que é o dono que faz a empresa crescer. No caso da JBS, a maior empresa de alimentação do mundo, líder global em proteína bovina, a expressão é literal. E, “para engordar o gado”, os donos estão de volta.

A JBS acaba de anunciar em ata do conselho o retorno dos irmãos Joesley e Wesley Batista ao conselho de administração da empresa, depois de 8 anos longe do board depois do famoso "Joesley Day". Com isso, o número de membros passará de 9 para 11. Do total, sete independentes.

“Eles são os controladores da maior empresa de alimentos do mundo, é natural que estejam no conselho”, diz ao NeoFeed uma fonte a par do assunto. “Dá para imaginar uma Cosan sem Ometto, uma Gerdau sem os Gerdau, um BTG sem Esteves ou uma MRV sem os Menin?”, diz um empresário que conhece bem os Batista.

Joesley e Wesley já fazem parte do conselho da Pilgrim’s Pride, controlada pela JBS, com ações listadas na Nasdaq, e conhecem o mercado americano com a palma da mão. Afinal, foram os responsáveis pela expansão global da companhia, hoje com 270 mil funcionários espalhados em cinco continentes e presença em 190 países.

O retorno dos irmãos ao conselho de administração da companhia que ajudaram a construir vem em um momento-chave para a empresa. A JBS pretende listar suas ações nos Estados Unidos. O processo, anunciado publicamente em julho do ano passado, prevê que as ações da companhia sejam negociadas na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE).

Estima-se que isso seja concluído até o fim deste semestre. Em recentes conversas com o NeoFeed, Gilberto Tommazoni, o CEO global da JBS, disse que essa mudança tem o poder de “multiplicar o valor de mercado da companhia.” Nesta terça-feira, 26 de março, a empresa estava avaliada em R$ 49,6 bilhões na B3.

Na prática, esse movimento de dupla listagem dá mais flexibilidade para a JBS financiar seu crescimento não só por dívida, mas também por meio de equity. “Isso tem um potencial enorme para a companhia fazer aquisições transformacionais. E obviamente, tem um destravamento de valor”, disse Tomazoni ao NeoFeed quando anunciou a operação.

Também em conversas recentes com a reportagem do NeoFeed, quando a JBS participou de uma conferência na Flórida, nos EUA,  o CFO Guilherme Cavalcanti disse que o fato de as ações não estarem listadas nos Estados Unidos restringe a base de investidores da companhia.

Ao listar na Nyse, disse ele, a JBS teria acesso a um mercado 50 vezes maior em termos de liquidez do que a B3. Além disso, grandes fundos passivos, que seguem os índices americanos, poderiam incluir a empresa em suas carteiras.