A MRV, construtora e incorporadora da família Menin, cumpriu à risca uma de suas metas de 2024. A empresa, que não gerava caixa desde 2022, teve resultado positivo de R$ 422,6 milhões no período, sendo R$ 370 milhões registrados apenas no quarto trimestre.
O valor trimestral veio R$ 22,6 milhões acima do guidance estipulado pela companhia, de acordo com a prévia operacional divulgada na noite de segunda-feira, 13 de janeiro.
“O mercado via que nossas métricas operacionais subiam, mas o caixa não acompanhava essa tendência, criando um grande ponto de interrogação”, afirma Ricardo Paixão, CFO da MRV&Co.
“No trimestre, nós revertemos essa situação e todas as nossas subsidiárias passaram a gerar caixa, com destaque para a MRV Incorporação, que atingiu R$ 266,2 milhões no período”, complementa.
Segundo o executivo, a mudança de cenário se deve a uma melhora nas margens das obras realizadas em 2024, além do sincronismo na dinâmica de vender unidades que já estão mais avançadas e produzir unidades que já estão vendidas.
Com essa estratégia, a MRV atingiu um novo recorde de vendas líquidas de R$ 10 bilhões no ano passado, avanço de 17,4% no período. Apenas no quarto trimestre, o montante chegou a R$ 2,6 bilhões, alta de 19,2% na comparação anual. A margem bruta de novas vendas ficou em 34% nos últimos três meses do ano.
Em doze meses, os lançamentos atingiram R$ 9,6 bilhões, valorização de 66,5% em relação a 2023. Ao mesmo tempo, as unidades produzidas chegaram a 35.609 no período, crescimento de 13,2%.
“A taxa de absorção do mercado tem se mostrado bastante importante, fazendo com que tudo que colocamos na ‘prateleira’ seja absorvido com mais facilidade”, diz Paixão. “Esse cenário acaba impulsionando o número de lançamentos, crescendo consequentemente o nosso volume de vendas”.
Um ponto importante para a companhia, porém, não pode ser solucionado ao longo do ano. A alavancagem, que já foi motivo de orgulho da MRV, levará mais tempo para ser resolvida. No terceiro trimestre, estava em 2,54 vezes a relação dívida líquida sobre Ebitda, no acumulado de 12 meeses. O objetivo é voltar a colocar esse indicador próximo de zero.
No último trimestre, a companhia começou a se movimentar em direção a esse objetivo, com novos planos para a Resia, operação de multifamily da MRV nos Estados Unidos.
A vertical, que era responsável por uma considerável queima de caixa, foi colocada em modo “hibernação” pelos próximos dois anos. Assim, os seis projetos prontos para locação e o sétimo que está em construção para ser entregue ainda este ano serão colocados à venda.
Apenas no quarto trimestre, foram vendidos US$ 46,5 milhões de ativos referentes ao empreendimento Hutto Square e ao terreno Marvida. No total, a empresa prevê vender US$ 800 milhões em ativos da Resia até 2026, o que significa uma redução aproximada de US$ 500 milhões na alavancagem.
“O objetivo de toda essa operação é desalavancar a companhia, ficando com uma operação mais enxuta e, ao longo do tempo, saudável”, diz Paixão.
Para 2025, a MRV projeta ter números mais fortes como um todo. Isso porque a companhia, que tem grande parte de seus ativos focados nas classes mais baixas da sociedade, deve se beneficiar do avanço dos programas sociais como Minha Casa, Minha Vida.
“A compra da casa própria continua sendo o maior sonho dos brasileiros e, com o aumento desses recursos, que elevam a capacidade de compra dos clientes, nós enxergamos uma demanda enorme pela frente e uma perspectiva muito positiva para o ano”, afirma o CFO.
Em sua visão, como a taxa de juros dentro desses programas não varia de acordo com a taxa Selic, o segmento da MRV tende a ser mais protegido das oscilações do mercado, o que traz maior segurança para o período.
A ação MRVE3, da MRV, encerrou 2024 em queda de 34% e fechou o pregão de segunda, 13, em alta de 0,60%. O valor de mercado da companhia é de R$ 2,88 bilhões.