O governo dos Estados Unidos anunciou novas regras para restringir a exportação de seus chips, também conhecidos como unidades de processamento gráfico avançadas (GPUs), utilizados para o desenvolvimento da inteligência artificial.
As extensas normas, divulgadas na segunda-feira, 13 de janeiro, tem como propósito manter o poder de computação avançada apenas entre os aliados dos Estados Unidos, controlando o desenvolvimento da tecnologia em escala global - e dando uma nova cartada contra a China. Esse deve ser um dos últimos atos da administração de Joe Biden na Casa Branca.
Para atingir esse objetivo, China, Rússia, Irã e Coreia do Norte estão na lista de países bloqueados. Austrália, Bélgica, Reino Unido, Canadá, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Irlanda, Itália, Japão, Holanda, Nova Zelândia, Noruega, Coreia do Sul, Espanha, Suécia e Taiwan continuarão tendo acesso ilimitado aos chips.
Os países que não foram incluídos em nenhuma dessas listas terão um limite de consumo dos chips fabricados nos Estados Unidos. Segundo o governo, essa quantidade será definida com base no poder computacional da região, levando em consideração as diferenças entre os chips individuais.
"Os EUA lideram a IA atualmente, tanto no desenvolvimento como no design de chips de IA, e é crucial que continuemos assim", afirmou Gina Raimondo, secretária de comércio dos Estados Unidos.
De acordo com a regulamentação, esses países serão restritos a um desempenho total (TPP) de 790 milhões até 2027. O limite equivale a cerca de 50 mil GPUs Nvidia H100.
“Cinquenta mil H100s representam uma quantidade enorme de poder, que é suficiente para impulsionar pesquisas de ponta, operar empresas inteiras de IA ou suportar as aplicações de IA mais exigentes do planeta”, disse Divyansh Kaushik, especialista em IA da Beacon Global Strategies, à Reuters.
Além dos chips, também existem restrições para empresas. Provedores como AWS e Microsoft, que provavelmente receberão autorizações globais para funcionar, poderão implantar apenas 50% de sua capacidade de computação de IA fora do país.
Ainda não está claro qual será o posicionamento do novo presidente, Donald Trump, sobre a regra. Porém, ambas as administrações compartilham visões semelhantes sobre a ameaça competitiva representada principalmente pela China. As novas regras devem entrar em vigor em 120 dias.
Atualmente, a maioria das GPUs americanas são produzidas pela Nvidia, além das unidades fabricadas pela Advanced Micro Devices (AMD). Nenhuma das companhias ficou feliz com a notícia.
Em comunicado, a Nvidia classificou a regra como um “exagero regulatório” e afirmou que a Casa Branca estaria restringindo “uma tecnologia que já está disponível em PCs para jogos e hardware de consumo comuns.”
A Oracle, que também surfa a onda da IA com seus provedores de data centers, havia argumentado no início do mês que as regras entregam “a maior parte do mercado global de IA e GPUs para nossos concorrentes chineses.”
Com isso, os papéis da Nvidia caiam cerca de 3% logo após a abertura do pregão das bolsas americanas. A empresa tem valor de mercado de US$ 3,3 trilhões.
Essa é a segunda decisão importante de 2025 do governo americano que envolve o setor privado. Na primeira semana de janeiro, Joe Biden bloqueou a compra da U.S. Steel pela japonesa Nippon Steel, um M&A avaliado em US$ 14,9 bilhões.