A Nvidia, maior fabricante de chips de inteligência artificial do mundo, está colocando o pé além dos chips e entrando, de forma efetiva, na IA física.

Para isso, a empresa anunciou o lançamento de novos produtos em diversas frentes, que vão desde um supercomputador pessoal de IA até chips de videogames e softwares para robôs e carros.

Chamado de Digits, o computador pessoal da Nvidia será capaz de executar um único modelo de linguagem com até 200 bilhões de parâmetros, se transformando em seu próprio data center. Atualmente, para fazer tal serviço, seria necessário alugar espaço de um provedor de nuvem como AWS e Microsoft.

“Colocar um supercomputador de IA na mesa de cada cientista de dados, pesquisador de IA e estudante os capacita a participar e moldar a era da inteligência artificial”, afirmou Jensen Huang, fundador e CEO da Nvidia.

A ação da Nvidia acumula alta de 168,15% em 12 meses e o valor de mercado da companhia está em US$ 3,44 trilhões. Essas novidades podem ter força para destravar ainda mais valor da companhia.

Com o sistema, será mais simples o processo de experimentar modelos que se aproximam das capacidades básicas do Chat GPT-4 da OpenAI ou do Gemini do Google. Porém, as melhores versões desses modelos, hospedadas em data centers da Microsoft e do Google, devem continuar mais poderosas do que o disponibilizado pela Nvidia.

A máquina, que conta com um “superchip” da Nvidia chamado GB10 Grace Blackwell, otimizado para acelerar os cálculos para treinar e executar modelos de IA, custará a partir de US$ 3 mil.

Além disso, o CEO da Nvidia também apresentou o Llama Nemotron, um modelo de linguagem (LLM) que ajuda desenvolvedores a criar e implantar agentes de IA, o que, em sua visão, é o futuro da tecnologia e pode gerar “múltiplos trilhões de dólares”.

A companhia também apresentou os modelos de fundação Cosmos, que geram vídeos realistas que podem ser usados para treinar robôs e carros autônomos a um custo muito inferior do que o dos dados convencionais.

Com isso, a empresa fechou uma parceria com a Toyota para inserir seu sistema operacional nos novos modelos produzidos pela gigante japonesa.

As novidades animaram os analistas do Itaú, Bank Of America e Citi, que continuam vendo as ações da Nvidia como a melhor escolha no segmento de inteligência artificial.

Na visão dos especialistas do Itaú, de todas as novidades apresentadas, a mais importante é a ferramenta Nemotron, que efetivamente dá uma oportunidade interessante para a Nvidia monetizar no longo prazo.

“Podemos imaginar a Nvidia adotando uma estratégia de ‘software de infraestrutura’ como facilitadora de IA”, afirmaram Thiago Alves Kapulskis e Maria Clara Infantozzi no relatório do Itaú.

Por outro lado, os analistas se mostraram preocupados com uma observação feita durante a apresentação de Huang. Ele afirmou que a IA deve ser uma indústria intensiva em capital, diferentemente do software, que historicamente é leve em capital.

“Se a visão de Huang estiver correta, e a IA se tornar uma tecnologia indispensável em todos os setores, as implicações serão profundas, tanto para a economia real quanto para os retornos do mercado de ações”, afirmaram no relatório.

“Com mais capital sendo alocado para fornecer tecnologia e os custos marginais deixando de ser quase nulos, o setor, ou ao menos parte dele, pode enfrentar desafios para entregar retornos acima da média”, complementam os analistas.

Mesmo assim, para o banco, a ação, que registrou valorização de aproximadamente 170% no último ano, ainda pode chegar a um preço-alvo de US$ 164 por papel, um potencial de alta de 17%.

Para o Bank of America, os papéis da companhia de chips devem chegar ainda mais longe, com um preço-alvo estimado em US$ 190 por papel. Os analistas acreditam que a empresa continua expandindo sua capacidade de ser uma empresa de IA de ponta a ponta e trazendo benefícios para os consumidores de grandes corporações.

No relatório do Citi, a empresa pode chegar a US$ 175 por ação, se continuar nesse ritmo de crescimento visto ao longo de 2024. Porém, na visão dos analistas, existem pontos que podem atrapalhar essa meta.

“Os riscos incluem um aumento na concorrência no mercado de games, que pode reduzir a participação da Nvidia; a adoção mais lenta do que o esperado de novas plataformas; oscilações nos mercados automotivo e de data centers e também o Impacto da mineração de criptomoedas nas vendas de games”, disse o banco no relatório enviado ao mercado.