O cenário positivo no mercado global de papel e celulose, com a dinâmica de oferta e demanda pendendo para o lado das produtoras, fez o Itaú BBA revisar suas projeções para as empresas do segmento, com consequências positivas para preços-alvo e recomendações.
Quem mais se beneficiou foi a Klabin. A recomendação para as units subiu de neutro para compra, e o preço-alvo passou de R$ 24 para R$ 29, o que implica um upside de 17,8% frente à cotação de fechamento R$ 24,60 no pregão de terça-feira, 26 de março.
No relatório sobre Suzano, os analistas do Itaú BBA mantiveram a recomendação para as ações, mas elevaram o preço-alvo, que passou de R$ 63 para R$ 75, pressupondo um potencial de alta de 19,1% ante o preço em que os papéis fecharam ontem, em R$ 62,97.
“O ano de 2024 começou com uma dinâmica melhor que a esperado na oferta e demanda da indústria de celulose”, diz trecho de relatório assinado pelos analistas Daniel Sasson, Marcelo Furlan Palhares, Edgard Pinto de Souza e Bárbara Soares. “A melhora da dinâmica na indústria de celulose no primeiro trimestre resultou na implementação bem sucedida de aumentos de preços na Europa e na China.”
Segundo eles, os preços de lista na Europa aumentaram em US$ 240 a tonelada desde dezembro e estão perto de alcançar US$ 1.380 em abril. Na China, as cotações líquidas cresceram para cerca de US$ 680 a tonelada em março, com os produtores anunciando aumentos de US$ 30 a tonelada para a região para pedidos feitos em abril.
Esse cenário fez os analistas do Itaú BBA revisaram a projeção para o Ebitda da Klabin em 2024 de R$ 6,4 bilhões para R$ 7,6 bilhões, valor 14% superior à média das estimativas do mercado.
Em meio à melhora da dinâmica de preços para a celulose, os analistas destacam que a Klabin deve ter bom resultados com papel tipo kraftliner, com aumento de 40% nos volumes na comparação com 2023. Os preços devem apresentar um aumento na casa dos 5%, comparados com o ano anterior.
No caso da Suzano, os analistas do Itaú BBA apontam que o cenário favorável resultou no aumento de sua estimativa média para o preço realizado da celulose de fibra curta em 2024, de US$ 600 para US$ 670 a tonelada. Esta perspectiva, combinado com o bom controle de custos apresentado no quarto trimestre, fez com que a projeção para o Ebitda da Suzano fosse reajustado de R$ 20,7 bilhões para R$ 24,3 bilhões.
Além do cenário favorável em termos de mercado, o Itaú BBA destacou ainda que o valuation de Klabin e Suzano é atrativo, justificando as recomendações de compra.
A Klabin é negociada a um EV/Ebitda para 2024 de 7,3 vezes, um patamar considerado barato em relação ao histórico, em que o múltiplo variava de 8 e 8,5 vezes. Os analistas projetam ainda uma taxa de retorno sobre o fluxo de caixa livre (FCF yield) de 7% para o período de 2025 a 2027, com um retorno total ao investidor (TSR, na sigla em inglês) de cerca de 23%.
Para a Suzano, o Itaú BBA calcula com EV/Ebitda em 2024 de 5,7 vezes, o que os analistas veem como barato.