Não são poucos os apelidos que Alfredo Menezes, o fundador e CEO da Armor Capital, tem no mercado. Eles vão de “baleia” (por operar grandes lotes de câmbio) até “mão de ferro” (porque não dava ‘stop’ nas posições e ia para cima). Todos são do tempo em que esteve na tesouraria do Bradesco.
Hoje, à frente da Armor Capital, gestora que ele fundou em 2019 e conta com R$ 640 milhões sob gestão, Menezes é conhecido como o “boss”, um apelido que ele diz não gostar porque parece que ele é um “cacique”.
“Não sou um chefe, sou um companheiro”, afirma Menezes, em entrevista ao Café com Investidor, programa do NeoFeed que entrevista os principais investidores do Brasil. “Mas claro que tenho de tomar algumas decisões.”
E a onda de resgates que afetou a indústria de multimercados nos últimos anos, setor em que a Armor Capital administra dois fundos, colocou a capacidade de tomar decisão de Menezes à prova.
Em 12 meses, a Armor Capital conseguiu captação positiva, saindo de aproximadamente R$ 400 milhões sob gestão para os atuais R$ 640 milhões, salto que Menezes atribuiu a dois fatores.
Um deles é o fato de começar a ser distribuído por mais plataformas, como o Safra e o Itaú. Mas o principal fator é ter conseguido uma rentabilidade acima do CDI, o benchmark do setor e algo que boa parte de seus pares não conseguiu ao longo de 2023. O Axe, principal fundo da gestora, está em 145% do CDI em 12 meses.
Para conseguir essa rentabilidade, Menezes e a Armor Capital fez apostas que fugiram do consenso. A principal delas é em uma tese que alia a onda do momento, mas com um olhar diferente: a inteligência artificial.
Na visão de Menezes, as magníficas sete – grupo que reúne Microsoft, Apple, Nvidia, Amazon, Alphabet, Meta e Tesla – já subiram muito – com exceção da fabricante de carros elétricos de Elon Musk.
Agora, é a hora de olhar para as empresas que vão se beneficiar desse ganho de produtividade que as ferramentas de inteligência artificial vão trazer. E, na visão de Menezes, bancos como Bank of America e Citibank podem ganhar com isso.
“Nós somos uma casa pequena e já migramos três atividades para inteligência artificial. Fico imaginando o quanto os bancos grandes podem ganhar em eficiência com a inteligência artificial”, diz Menezes.
Ao mesmo tempo, a Armor Capital está pessimista com a bolsa brasileira. A razão? A China deve crescer, segundo os cálculos da gestora entre 4% e 4,5% neste ano. E o mercado brasileiro ainda é muito dependente do commodities, o que deve ser impacto por essa expansão chinesa.
Do lado de consumo, a Armor Capital também não vê uma recuperação do varejo local mesmo com a queda das taxas de juros. Nesse caso, Menezes acredita ser muito difícil para as varejistas brasileiras competirem contra a Amazon e, principalmente, contra o Mercado Livre. “Estamos, inclusive, vendidos no Ibovespa”, afirma o investidor.
Mais previdência
A decisão mais recente de Menezes é o lançamento de um segundo fundo de previdência em 2024. “Vamos abrir um fundo de previdência multiseguradora para poder tratar de investidor pessoa jurídica”, diz o CEO da gestora.
Um dos motivos de aumentar sua aposta em previdência é que existe muitas casas boas que atuam em multimercado – onde a Armor conta com dois fundos. O que não acontece em previdência.
“São poucas as casas independentes focadas em previdência”, diz Menezes. “Temos de procurar nichos de mercado. O que você não pode é ser monoproduto.”
Nesta entrevista que você assista no vídeo acima, Menezes fala ainda sobre o momento da indústria de fundos - em especial de multimercado - e acredita que deve ocorrer muita consolidação no setor, que conta com mais de 900 gestoras.