Os hedge funds chegaram à marca histórica de US$ 5 trilhões em patrimônio global no terceiro trimestre de 2025, segundo dados da Hedge Fund Research (HFR). Foi o oitavo trimestre consecutivo de crescimento da indústria, impulsionado por um ambiente de risk-on e pela combinação de fluxos positivos e valorização das carteiras.
Somente entre julho e setembro, o setor atraiu US$ 33,7 bilhões em aportes líquidos — o maior volume trimestral desde 2007 —, consolidando um ano de retomada firme do apetite por risco e de performance robusta entre as principais estratégias.
No acumulado de 2025, os hedge funds já receberam US$ 71 bilhões em novos aportes, o melhor desempenho para os nove primeiros meses de um ano desde 2014.
Kenneth J. Heinz, presidente da HFR, afirma que o momento vivido pela indústria de hedge funds reflete uma combinação de fatores estruturais e conjunturais.
Entre eles, o aumento dos investimentos em criptomoedas, as expectativas de queda dos juros nos Estados Unidos e um salto sem precedentes nos aportes voltados à inteligência artificial e à infraestrutura “Vivemos um momento histórico para a indústria, tanto em crescimento quanto em performance”, diz Heinz, na pesquisa.
A força dos fluxos veio acompanhada de resultados expressivos. No trimestre, o HFRI Fund Weighted Composite Index — indicador que mede o desempenho médio ponderado dos principais hedge funds do mundo — avançou 5,4%. No acumulado dos nove primeiros meses do ano, o índice registra alta de 9,5%.
No trimestre, o melhor desempenho ficou com os fundos de criptomoedas, que tiveram ganho médio de 20,3%, revertendo as perdas do início do ano e passando a acumular alta de 6,3% em 2025. O movimento teve como pano de fundo a forte valorização do segmento, em especial do bitcoin, que subiu quase 40% entre julho e setembro.
Apesar do bom desempenho dos fundos de cripto, foram os fundos de ações, mais representativos dentro da indústria, que mais ajudaram a impulsionar os números globais. De acordo com o relatório, as estratégias de ações (equity hedge) tiveram retorno médio de 7,2% no trimestre — próximo ao desempenho dos principais índices globais.
No mesmo período, o americano S&P 500 subiu 7,8%, enquanto o MSCI ACWI, que mede o desempenho das bolsas de todo o mundo, teve alta de 7,5%. No acumulado do ano, os fundos de ações multiestratégia e de crescimento são destaque, com retornos de 16,3%.
Além da boa performance, os fundos de ações também lideraram as captações líquidas do trimestre, com uma entrada de US$ 18 bilhões — o maior volume entre todas as estratégias acompanhadas pela HFR. Ainda assim, a forte valorização das carteiras foi o principal motor do aumento de patrimônio da categoria, que cresceu US$ 96,7 bilhões no período e alcançou a marca de US$ 1,5 trilhão em ativos sob gestão.
Outras estratégias também registraram crescimento expressivo no trimestre. Os fundos de Event-Driven, que apostam em operações corporativas e movimentos como fusões e aquisições, ganharam US$ 4,6 bilhões em captação líquida e encerraram o período com US$ 1,41 trilhão sob gestão.
Os fundos de valor relativo (Relative Value Arbitrage), voltados à arbitragem entre instrumentos de crédito e renda fixa, receberam US$ 9,4 bilhões em novos recursos, elevando o patrimônio da categoria para US$ 1,32 trilhão. O desempenho também foi positivo: o HFRI Relative Value Index subiu 2,6% e já acumula 27 meses positivos nos últimos 30, com destaque para a subestratégia de títulos de renda fixa soberana, que avançou 5,2% no trimestre.
Já os fundos macro globais, que operam tendências em juros, moedas e commodities, registraram entradas líquidas de US$ 1,7 bilhão e encerraram o trimestre com US$ 759 bilhões sob gestão. A categoria foi impulsionada por estratégias sistemáticas e temáticas, que renderam 6,0% e 5,4%, respectivamente, levando o HFRI Macro (Total) a uma alta de 4,7% no trimestre e de 3,4% no acumulado do ano.
Embora os investimentos em hedge funds estejam nas máximas, Heinz pondera que os riscos também evoluíram. “Os gestores vêm participando da aceleração de tendências até o fim do ano, mas ao mesmo tempo se posicionando para possíveis reversões de sentimento e de direção em classes como ações, commodities, moedas e criptomoedas”, afirmou.
Até uma eventual virada de cenário, Heinz acredita que os fundos continuarão crescendo, impulsionados principalmente pela entrada de capital institucional. "Eles tendem a aumentar as alocações em gestores que já demonstraram capacidade de navegar tanto nas fases de apetite por risco quanto nos períodos de volatilidade e reversão”.