No Brasil, o Julius Baer é um dos maiores multi family office independentes com um serviço de assessoramento completo de planejamento familiar que atende a clientes com, pelo menos, R$ 25 milhões para investir. No mundo, o grupo está presente em mais de 25 países, sempre focado na gestão de fortunas como banco, advisor e outras licenças, somando mais de 440 bilhões de francos suíços (cerca de US$ 500 bilhões) sob gestão.

Ao olhar como poderiam aumentar o bolo no Brasil, perceberam que estavam desprezando um outro mercado de investimento de longo prazo, as Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC), que somam mais de R$ 1 trilhão sob gestão.

“O nosso core business é gestão de fortunas, e sempre será. Mas entendemos que podemos contribuir com quem busca investimentos de longo prazo, como os fundos de pensão. E queremos trazer nossa expertise de 133 anos fazendo isso em várias partes do mundo, replicando o que fazemos para as famílias para eles”, conta Fernando Vallada, CEO do Julius Baer Family Office, em entrevista exclusiva ao NeoFeed.

Com isso, está sendo montada uma área de investment solutions voltada para atender as Fundações, que nada mais é do que um grupo de pessoas dentro do time de gestão voltado ao atendimento desses mandatos específicos. E isso não é exatamente uma novidade para o grupo, que já oferece soluções de investimento para clientes institucionais em outras partes do mundo.

Os gestores são responsáveis por ver as exigências de cada cliente e montar um portfólio de fundos de investimento e outros produtos que obtenham retornos acima do índice acordado. O conhecimento profundo das casas de gestão no Brasil e no mundo e o acompanhamento dos cenários de mercado e das grandes tendências é a fórmula do sucesso.

Para o Julius Baer, o seu diferencial é a presença global para entregar sofisticação no investimento no exterior — e já está com um mandato para isso.

“Vemos que as fundações estão começando a buscar mais diversificação internacional e acreditamos que podemos trazer sofisticação e competitividade para esses mandatos. Mas também temos profundo conhecimento do mercado brasileiro, e obtivemos recentemente um mandato local”, afirma Vallada.

Para crescer o número de clientes institucionais, o Julius Baer está fazendo parcerias estratégicas de distribuição, em um passo que o tornará ainda mais relevante no mercado brasileiro.

“Nós seremos protagonistas no Brasil, e ter escala ajuda. Mas temos que entender onde faz sentido. Não sairemos do wealth management e não pretendemos entrar no varejo e competir com bancos e assessorias de investimento”, diz Vallada.

“Nossa meta é ser o maior multi family office do Brasil, e entendemos que as Fundações estão muito perto desse business e queremos agregar”, completa.

Em busca dos bolsos das fundações

A chegada do Julius Baer como gestor de portfólios para o mercado institucional mostra uma tendência crescente desde o ano passado e players independentes se lançando nesse segmento antes dominado pelos grandes bancos. O multi family office TAG Investimentos já faz isso há 10 anos e foi pioneiro nesse tipo de serviço para as fundações. Agora, todos querem um pedacinho desse mercado.

Somente no ano passado, o tradicional Turim Multi Family Office entrou nesse business trazendo Sérgio Campos como head de clientes institucionais, e a SPX, gestora de recursos com cerca de R$ 80 bilhões sob gestão, criou um braço de soluções de investimento e trouxe Bruno Maueler, sênior portfólio manager & head of investments da Fundação Copel, para liderar a área.

O grupo latino-americano Compass, que administra mais de US$ 2,5 bilhões na América Latina e é um dos principais players de distribuição de fundos no Brasil, trouxe Marco Antonio Pardo do Chile para o Brasil, para ser head de soluções globais do grupo. E também no ano passado a gigante gestora americana Franklin Templeton lançou o serviço de Investment Solution no Brasil para todo o mercado institucional com a liderança de Daniel Popovich.

O movimento segue o processo de profissionalização das Fundações em busca de eficiência e maior retorno para os seus participantes, além de seguirem diretrizes mais rigorosas de governança. Muitos fundos de pensão possuem equipes muito pequenas para fazer a gestão dos investimentos.

Enquanto a renda fixa era suficiente para bater as metas estabelecidas, o time não precisava ser grande. Mas ao iniciar o investimento em outras classes de ativos mais sofisticadas, terceirizar parte da gestão passa a fazer sentido.

O Julius Baer mostra que está apostando mesmo no Brasil entrando nessa briga. Mas os seus investimentos recentes no negócio de gestão de fortunas são bem mais expressivos. O multi family office vem fazendo grandes contratações no mercado, somando 52 apenas neste ano, trazendo executivos da Grimper Capital, do Credit Suisse, Itaú Unibanco, XP e Safra e outros. Prova de que o banco suíço está mesmo em busca de ser um dos principais gestores de fortunas do Brasil.