O Nubank deu sequência aos resultados positivos no terceiro trimestre, num período não apenas marcado pela continuidade do lucro e da rentabilidade em alta, como também com a maior receita de sua história.
O banco do cartão roxinho registrou no período de julho a setembro uma receita de US$ 2,1 bilhões, aumento de 53% em relação ao terceiro trimestre de 2022, graças à continuidade da expansão da base de clientes e pela conquista da preferência dos clientes.
Com isso, o Nubank fechou o terceiro trimestre com lucro líquido de US$ 303 milhões, aumento frente ao ganho de US$ 8,4 milhões do mesmo período de 2022. Em relação ao segundo trimestre, o resultado da linha final do balanço aumentou de 33,7%. O ROE anualizado alcançou 21%, enquanto o ROE ajustado anualizado chegou a 25%, acima dos 19% registrados no trimestre anterior.
“Apesar de ter 52% da população adulta brasileira, a gente continua num ritmo muito forte na aquisição de clientes”, diz Guilherme Lago, CFO do Nubank, ao NeoFeed. “E a receita média por cliente ativo tem subido.”
O balanço mostra que o Nubank adicionou 5,4 milhões de clientes no terceiro trimestre de 2023, e 18,7 milhões em um ano, alcançando um total de 89,1 milhões de clientes globalmente, sendo que este número já chegou a 90 milhões em outubro. No Brasil, a base de clientes atingiu 84 milhões ao final do terceiro trimestre, fazendo com que o Nubank seja a quarta maior instituição financeira em número de clientes, segundo o Banco Central.
Em paralelo, a receita média por cliente ativo (Arpac, na sigla em inglês) manteve a evolução. Depois de US$ 8,60 no primeiro trimestre e US$ 9,30 no segundo trimestre, o indicador alcançou pela primeira vez a marca dos dois dígitos, US$ 10, uma expansão de 18% em relação ao ano anterior.
Este é um ponto que muitos analistas estavam de olho no balanço do Nubank, para avaliar a sustentabilidade dos resultados. “As safras mais maduras já estão em US$ 26 por mês”, afirma o CFO do Nubank.
Segundo ele, o avanço da Arpac é explicado pela principalidade, tema do momento entre os bancos, que buscam fidelizar seus clientes e fazer com que eles transacionem apenas com as instituições.
No caso do Nubank, a principalidade vem subindo a cada trimestre, com praticamente 60% dos clientes ativos enxergando o banco como sua principal instituição. Lago diz que isto está acontecendo cada vez mais rápido, com os clientes entrando no Nubank com quase quatro produtos em média.
“Se pagar a safra de 2018 e 2019, demorava mais ou menos 50 meses para a gente ganhar a principalidade de mais de metade da safra”, diz. “Agora, está demorando pouco mais de 12 meses e está acelerando, com a população abraçando cada vez mais os bancos digitais e com a gente lançando mais produtos.”
Dentro dessa estratégia de conquista de principalidade, o Nubank está se dedicando a alcançar a alta renda, assim como outras instituições. Aumentar a fatia de clientes que possuem renda mensal a partir de R$ 12 mil e que podem investir entre R$ 100 mil e R$ 150 mil é uma das prioridades do Nubank em 2023.
Segundo Lago, mais de 60% do público que ganha mais de R$ 12 mil por mês entrou no Nubank, mas é preciso expandir a principalidade. Para isso, o banco quer atender as demandas de pagamentos, já disponibilizando contas bancárias. Outra frente é a parte de crédito, ajustando o limite médio para esse público no cartão Ultravioleta.
A terceira frente para ganhar espaço na carteira da alta renda é investimentos, que foi remodelada e que fechou o terceiro trimestre com mais de R$ 61 bilhões em ativos sob gestão, crescimento de aproximadamente 50% em base anual. Recentemente, o Nubank apresentou ao mercado dois ETFs de dividendos, em parceria com a B3.
Na parte de crédito, principal motor de crescimento dos últimos anos, o portfólio total, que inclui cartão de crédito e empréstimo pessoal, somou US$ 15,4 bilhões, avanço de 4% em base trimestral e 58,7% na anual.
O índice de inadimplência entre 15 e 90 dias atingiu 4,2%, diminuindo 10 pontos base em relação ao segundo trimestre. O índice para mais de 90 dias aumentou 20 pontos base, com o banco atribuindo o comportamento à migração da carteira de 15 a 90 dias de períodos anteriores. “Do ponto de vista de qualidade de crédito, veio não só estável, como super dentro das expectativas”, diz Lago.
Questionado a respeito da estratégia na frente dos consignados, ele diz que ainda é muito cedo, considerando que é uma iniciativa que começou a ser implementada neste ano.
Em meio à manutenção dos resultados positivos, o Nubank apresenta um alto índice de capitalização. No balanço, o banco informou que o Índice de Adequação de Capital (CAR) no Brasil foi de 11%, acima do mínimo exigido de 6,75% pelo BC. Com isso, a holding terminou com US$ 2,3 bilhões em excedente de caixa.
Perguntado sobre a possibilidade de distribuir esse valor na forma de dividendos, Lago afirma que os valores serão reinvestidos nas operações, especialmente na Colômbia e no México, mas destaca que o banco está bem abastecido, sem necessidade de levantar mais capital. “Achamos que teremos oportunidades de crescimento boas para reinvestir nesses países em que estamos”, afirma.
As ações do Nubank fecharam o pregão de terça-feira, 14 de novembro, com alta de 4,50%, a US$ 8,83. No ano, elas registram alta de mais de 2,1 vezes, levando o valor de mercado a US$ 40,1 bilhões.