As urnas eletrônicas são, ao que tudo indica, o novo componente no portfólio da brasileira Positivo Tecnologia.

Conforme apurou o NeoFeed, a empresa comandada por Hélio Rotemberg obteve, na semana passada, a aprovação para um projeto de produção desses equipamentos em sua fábrica instalada em Manaus (AM).

De acordo com os termos listados, a iniciativa envolve um investimento de R$ 184 milhões no prazo de três anos. No primeiro ano de produção, o aporte previsto é de R$ 152 milhões.

No cronograma registrado pela empresa, o plano é produzir 180 mil equipamentos nos primeiros doze meses de operação. No segundo ano, o volume projetado é de 198 mil urnas e, no terceiro ano, 217,8 mil máquinas.

Procurada pelo NeoFeed, a companhia não concedeu entrevista e não se posicionou sobre o projeto.

Licitação

A Positivo é uma das cinco empresas no páreo da licitação aberta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no fim de julho. O processo envolve a compra de até 180 mil urnas eletrônicas, que serão usadas nas eleições municipais de 2020. O valor total estimado é de R$ 1,35 bilhão.

Segundo o TSE, além do aprimoramento tecnológico, a licitação será realizada em função da necessidade de substituir parte das urnas, nos modelos de 2006 e 2008, e de acompanhar o crescimento das seções eleitorais até 2020. Procomp, Indra, Akiyama e Smartmatic completam a relação de empresas na concorrência.

A americana Smartmatic esteve no centro de parte das falsas notícias difundidas nas eleições presidenciais de 2018. Os boatos afirmavam que a companhia era a responsável pela produção das urnas usadas nas votações, que teriam sido fraudadas.

A empresa, no entanto, não era a fabricante dos equipamentos utilizados no pleito. Sua relação com o TSE se restringia a um contrato, fechado em 2014, para a oferta de treinamento a cerca de 14 mil profissionais de suporte nas eleições daquele ano.

As urnas eletrônicas começaram a ser adotadas no Brasil a partir das eleições municipais de 1996

As urnas eletrônicas começaram a ser adotadas no Brasil a partir das eleições municipais de 1996. Na época, o recurso compreendeu 57 cidades e 32 milhões de eleitores, o que representou um terço do eleitorado na época. Na virada do século, o País teve sua primeira votação totalmente informatizada.

Nas licitações realizadas desde então, a Procomp, subsidiária brasileira da americana Diebold, venceu boa parte das concorrências.

Além dos PCs

No contexto da Positivo, a possibilidade de ser a vencedora da nova licitação não significa apenas desafiar o domínio da Procomp. Mas sim a consolidação de uma nova frente na estratégia da empresa para diversificar seus negócios e reduzir a dependência dos computadores.

A companhia brasileira construiu boa parte de sua trajetória na categoria e foi a única fabricante nacional capaz de fazer frente a gigantes multinacionais, como as americanas HP e Dell, além da chinesa Lenovo.

Em linha com uma tendência global, o mercado brasileiro de computadores viu seus volumes de venda caírem drasticamente nos últimos anos. No País, o segmento recuou de 15,5 milhões de unidades, em 2012, para 5,5 milhões no ano passado, segundo a consultoria americana IDC.

A Positivo tem investido na abertura de novas fontes de receita

Diante desse cenário, a Positivo tem investido na abertura de novas fontes de receita. Trabalhada desde o fim de 2012, a vertente mais consolidada é a de celulares, que já responde por 30% da receita da companhia, que faturou cerca de R$ 2 bilhões em 2018.

As investidas mais recentes, por sua vez, envolvem negócios como o aluguel de computadores a adição dos servidores ao portfólio, a compra de participações minoritárias em startups e as novas ofertas de sistemas de segurança, sensores e outros recursos, dentro do conceito de casa inteligente.

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