Desde sábado, a Aramco, maior petroleira do mundo, está sob ataque.

De um lado, um ataque, supostamente com drones, contra sua refinaria em Abqaiq provocou a suspensão da metade de sua produção, de 12 milhões de barris por dia. De outro, sua abertura de capital, que pode ser a maior de todos os tempos, está sob risco.

A companhia, que possui 260 bilhões de barris de reservas comprovadas de petróleo e teve lucro líquido US$ 111,1 bilhões em 2018, acredita que pode restabelecer um terço das operações até o fim desta segunda-feira, 16 de setembro.

O preço do barril Brent, referência na Europa, chegou a subir mais de 20%, maior alta desde a Guerra do Golfo, em 1991. Mas agora está sendo comercializado com uma valorização de mais de 8%, a aproximadamente US$ 66.

Há dois impactos possíveis no Brasil. O primeiro é a valorização das ações da Petrobras. O outro é o aumento do preço dos combustíveis aos consumidores.

Maior IPO da história

Enquanto batalha para restabelecer parte da produção, a Aramco terá de lidar também com os temores dos investidores.

A companhia tem planos de fazer uma abertura de capital em duas fases. A primeira, prevista para esse ano, seria na bolsa da Arábia Saudita, conhecida como Tadawul. No ano que vem, seria a vez de estrear em um mercado internacional, possivelmente o Japão.

Os números por trás do IPO (sigla para Initial Public Offering) da Aramco são colossais. A companhia estatal de petróleo tem intenção de ser avaliada em US$ 2 trilhões, quase o dobro da Microsoft, a maior empresa em valor de mercado do mundo, que vale US$ 1,048 trilhão.

Mesmo antes dos ataques, os analistas acreditavam que o valor de mercado era alto demais e estimavam que a Aramco podia valer US$ 1,5 trilhão.

Agora, se prosseguir com os planos de abrir o capital, a Aramco terá de testar a confiança dos investidores. Um novo fator de risco ficou claro neste fim de semana: ataques terroristas contra suas refinarias e campos de petróleo, que podem afetar o faturamento e o lucro.

Se a Aramco continuar sendo alvo de ataques, fontes do governo da Arábia Saudita e bancos de investimentos que estão estruturando o IPO dizem que o mercado pode forçar um desconto adicional de até US$ 300 bilhões.

"A coisa mais natural a acontecer é ver os prêmios de risco subirem, o que reduziria a avaliação", disse uma fonte do governo da Arábia Saudita, ao The Wall Street Journal. "Na avaliação atual, a Aramco não contava com ataques sérios como esses."

A ideia do príncipe saudita Mohammed bin Salman, que governa a Arábia Saudita em uma ditadura sangrenta, é usar os recursos da abertura de capital da Aramco para reforçar um programa de reformas, cujo objetivo é diversificar a economia saudita, muito dependente do petróleo.

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