Com uma captação líquida negativa de R$ 134 bilhões, o ano passado foi tenebroso para a indústria de fundos multimercados. Mas a gestora Kinitro cresceu 10,4% no período e comemorou resultados acima do benchmark em sua estratégia multimercado e de ações.
O seu fundo flagship, o multimercado Kinitro 30 FIC FIM, conquistou o mercado em 2023, tendo performado 15,5% no ano, enquanto o CDI rendeu 13% e cerca de 90% da indústria de fundos multimercados nem mesmo bateu o benchmark.
A partir de sua entrada nas principais plataformas, o fundo saltou de 200 investidores, no início de 2023, para a base atual de 1,5 mil. E, com isso, a gestora foi provocada a lançar um espelho no formato de previdência. A seguradora parceira escolhida foi a Icatu e a previsão de lançamento é ainda neste trimestre.
“Estamos muito contentes com o nosso resultado, em um cenário que a indústria de multimercado está muito mal e os assessores e gestores de patrimônio estão buscando boas opções", afirma Carlos Carvalho, CIO da Kinitro, ao NeoFeed. "E fomos motivados por esses novos investidores a abrir um fundo de previdência, já que o nosso perfil é para mais longo prazo."
Fundada em 2021 por Carvalho e outros executivos da Saga Capital - Rafael Icaza e Marcelo Ornelas-, a gestora carioca, cujo nome vem do grego para “motivação”, possui forte viés macro de alocação e tem R$ 1,4 bilhão sob gestão em seus fundos multimercado e de ações.
No ano passado, seu fundo flagship conseguiu o bom resultado se posicionando em renda fixa atrelada à inflação, ações de varejistas e, principalmente, na leitura de aumento da taxa de juros nos EUA.
Mas, nesse momento, o fundo está sublocado, por acreditar que não há prêmios no mercado, principalmente no Brasil. “Estamos em caixa, com apenas um terço do mandato de risco que a estratégia estipula. Não estamos vendo oportunidades, principalmente no Brasil”, diz Carvalho.
Sua principal aposta agora é na valorização do real frente ao dólar e ao euro nos próximos seis meses, fruto do aumento do endividamento nos Estados Unidos e do enfraquecimento da economia europeia.
Mas ele não acredita numa queda na taxa de juros americana antes de junho e está preocupado com o nível de volatilidade que este ano, cercado por grandes eleições, pode trazer, e que não parece estar precificado.
“Nos surpreende a falta de percepção de risco e ficamos preocupados”, observa. “Esse final de semana teremos a eleição em Taiwan, para ficar atento em relação as diferentes visões de China e EUA para a região. Tem eleições na Europa, no México e no fim do ano tem eleições americanas, em um cenário ainda muito incerto.”
Apesar de um tanto pessimista para o mercado nesse momento, Carvalho está confiante que em 2024 os ativos de risco irão voltar às carteiras e quer manter a performance para dar uma virada de chave na gestora.
"Estamos bem, mas o mercado não tem ajudado. Mas se mantivermos a nossa performance, acreditamos que poderemos capturar essa volta do mercado e chegar a um novo patamar na gestora. Trabalhamos com isso", afirma.