A Meta, de Mark Zuckerberg, e a Apple, travam há anos uma batalha em torno de uma cobrança de 30% nas compras chamadas “in app”, uma regra imposta pela companhia comandada por Tim Cook para os aplicativos que são oferecidos na App Store da Apple.
A discussão entre Apple e Meta chegou ao pico de tensão em 2022, quando Zuckerberg alegou que essa prática custou US$ 10 bilhões em receita perdida para sua empresa em 2022.
Agora, Zuckerberg está dando o troco à Apple, ao encorajar os usuários a não realizarem compras de impulsionamento de conteúdo das redes sociais que a Meta opera através dos aplicativos do iPhone. Em vez disso, os usuários devem usar navegadores móveis ou computadores.
Para explicar melhor essa política, vale o exemplo. Um usuário que através do aplicativo do Instagram pague R$ 100 para impulsionar o alcance de uma publicação via iPhone tem 30% deste valor retido pela Apple. O restante vai para a Meta.
Agora, se esse mesmo usuário fizer a mesma compra através de um navegador móvel (como o Safari ou o Chrome) ou por um computador, fora, portanto, do aplicativo, o valor integral da compra será destinado para a Meta.
Para incentivar essa mudança do hábito, a Meta vai passar a cobrar uma taxa adicional de 30% de quem realizar a compra pelos aplicativos. Quem optar pela maneira "preferida" de Zuckerberg estará isento da cobrança.
A informação foi noticiada pela Meta em seu blog oficial. Na mesma postagem, feita nesta quinta-feira, 15 de fevereiro, a Meta informa que é obrigada “a cumprir as diretrizes da Apple ou a remover postagens otimizadas” dos aplicativos.
Ao The Wall Street Journal, um porta-voz da Apple afirmou que a companhia tem “um conjunto de regras claras e consistentes em sua loja de aplicativos e que se aplicam para todos”. A empresa ainda informa que trabalhou com a Meta por mais de um ano para que a empresa apresentasse sugestões de mudanças nas normas.
O que apimenta também essa discussão é uma lei europeia que entra em vigor em março deste ano. A norma obriga a Apple a permitir que os usuários possam baixar aplicações para o iPhone fora de sua loja oficial. Em resposta, a Apple começou a estudar novas medidas para incluir novas taxas aos desenvolvedores.
A App Store é uma importante fonte de receita para a Apple. Em 2023, a frente de serviços (que inclui além da loja de aplicativos, as verbas obtidas com anúncios, serviço de armazenamento em nuvem, assinaturas de streaming, entre outras práticas) faturou US$ 85,2 bilhões. Isso representa 22% da receita de US$ 383,2 bilhões.
A Meta não é a única empresa insatisfeita com as políticas da Apple. Em 2020, um grupo formado por Epic Games, Spotify, Deezer, Tile e Match Group criou uma aliança para lutar contra práticas consideradas abusivas das lojas da Apple e do Google.