O alto nível dos juros e da inflação pelo mundo aceleraram a quantidade de defaults corporativos neste início de ano. Os calotes atingiram o maior patamar para um primeiro bimestre desde 2009, quando o mundo enfrentava as dores da crise financeira.
A constatação é de um levantamento feito pela agência de classificação de riscos S&P Global Ratings. Segundo o relatório, a quantidade de defaults corporativos totalizou 29 entre janeiro e fevereiro, com 14 eventos de crédito em janeiro e 15 em fevereiro.
Os Estados Unidos lideram o ranking de casos, com 17 calotes, mas a Europa experimentou um forte crescimento na quantidade de defaults na comparação com o mesmo período do ano passado – o número de eventos de crédito subiu de três para oito.
“Com oito defaults em 2024 até o momento, a Europa registrou pelo menos duas vezes mais calotes do que qualquer ano desde 2008”, diz trecho do relatório da S&P Global Ratings, segundo o site Marketwatch.
Para a agência de classificação de riscos, o fraco ritmo da economia europeia tem contribuído para esta situação, que pode perdurar até o final do ano, considerando o nível elevado de companhias com baixos ratings. “No entanto, nós esperamos que a taxa de default da região estabilize em torno de 3,5% até dezembro”, diz trecho do levantamento.
Assim como os Estados Unidos, a Europa passa por um momento de aperto monetário para combater o surto inflacionário que emergiu após os estímulos econômicos dados durante e após a pandemia.
A taxa de juros de referência da zona do euro está em 4% ao ano, o maior patamar da história do bloco econômico, considerando a adoção do euro, no começo de 1999. No Reino Unido, os juros estão em 5,25%.
O objetivo das respectivas autoridades monetárias é trazer a inflação para perto da meta de 2% ao ano. Em janeiro, a inflação anual do bloco europeu atingiu 2,8%, enquanto no Reino Unido permaneceu em 4% em base anual e na União Europeia (UE) alcançou 3,1%.
A consequência, porém, tem sido sentida no ritmo de crescimento. Por pouco a zona do euro não entrou em recessão, depois que o bloco da moeda comum europeia ficou estável no quarto trimestre, após recuar 0,1% no terceiro trimestre.
O PIB da UE também ficou estável nos últimos três meses do ano passado. Já a economia britânica não escapou da recessão, ao emendar uma contração de 0,1% no terceiro trimestre com uma retração de 0,3% no quarto trimestre.
Fora dos Estados Unidos e da Europa, quatro empresas deram calote em suas dívidas desde o começo do ano, de acordo com a S&P Global Ratings. Dentre elas estão a canadense Avison Young, do ramo imobiliário, e a argentina CLISA, de serviços de infraestrutura. Ambas aplicaram default em suas obrigações em fevereiro.