Londres - A City, distrito financeiro da capital britânica, tem novo ponto de encontro para negócios, em meio aos arranha-céus que conferem à cidade um ar futurista. O restaurante The Wolseley City é o queridinho de quem trabalha na Bolsa de Valores, nos bancos e nos escritórios das multinacionais no bairro dos espigões de vidro.
Combinando a herança culinária britânica com o que há de mais clássico na gastronomia europeia, o restaurante atrai a clientela bem-vestida (de terno e gravata, sobretudo) não só pela excelência de seus pratos, mas pelo ambiente requintado.
Nos dias de semana, com a casa aberta das 7h às 22h, suas mesas ficam tomadas principalmente nos primeiros horários, no almoço e na happy hour.
“Sabíamos que havia demanda na City, que voltou à vida depois da pandemia. A área está cada vez mais lotada de pessoas buscando um atendimento impecável para suas reuniões de negócios presenciais”, diz Daniel Craig, gerente-geral do restaurante, em conversa com o NeoFeed. “E percebemos que havia uma lacuna no mercado para uma instituição como o The Wolseley.”
Inaugurado no final do ano passado, com um investimento estimado de £ 10 milhões, o novo estabelecimento é o “irmão” do The Wolseley, aberto há mais de 20 anos em Picadilly, no bairro nobre de Mayfair.
Sem chá da tarde
Definido como um "grand café" de estilo europeu, o local virou um ícone gastronômico londrino por priorizar as receitas clássicas, o esplendor na decoração e um serviço perfeito.
Enquanto o original atrai celebridades, como a modelo Kate Moss e a estilista Victoria Beckham, os moradores do bairro caro e os turistas mais endinheirados, o foco do The Wolseley City é o profissional do mundo das finanças.
“Tivemos de nos adaptar para atender a uma clientela um pouco diferente. Aqui, por exemplo, não temos o serviço de chá da tarde, como o de Piccadilly", conta Craig. "Aqui os clientes chegam a qualquer hora do dia e também no início da noite para reuniões”, conta Craig.
Mas na hora de agradar o paladar, o The Wolseley City, situado na King William Street, mantém o que sempre deu certo na primeira casa.
Destaques da cozinha britânica, como a torta de peixe (que é mais um escondidinho, por ser coberto por purê de batata), convive harmoniosamente com o steak tartare francês e com o schnitzel, o bife à milanesa alemão.
“O café da manhã, a refeição pela qual somos mais conhecidos, não sofreu alteração”, comenta o gerente-geral, citando clássicos como o prato de ovos com salsicha e batata ralada frita com molho “diable”, os ovos royale e o kedgeree, com ovo escalfado.
Entre os desafios em abrir um novo The Wolseley, no coração financeiro de Londres, Craig cita “capturar o espírito do restaurante em Piccadilly, mas como um irmão mais jovem, não como uma réplica”.
“A decoração, a atmosfera e o menu são muito semelhantes, para que o cliente desfrute de uma experiência parecida. Os mais atentos vão notar que o tema chinês no décor da casa de Piccadilly aqui foi transformado em egípcio”, diz Craig.
Sob nova direção
O primeiro The Wolseley foi aberto por Jeremy King e Chris Corbin, dois dos restaurateurs mais renomados de Londres.
A dupla virou sinônimo de gastronomia em ambiente suntuoso não só com o The Wolseley, de Piccadilly, mas com o The Ivy, em Covent Garden, o Delaunay, em Aldwych, o Fischer's, em Marylebone, a Brasserie Zédel, em Piccadilly Circus, e o Soutine, em St John’s Wood, entre outros.
Mas King perdeu o controle do grupo de restaurantes Corbin & King em 2022, depois de se desentender com o acionista majoritário, a multinacional tailandesa Minor International.
Embora King fosse conhecido por frequentar as casas do seu império, para garantir o padrão, sua saída aparentemente não foi sentida pela clientela. “Temos hoje proprietários que apreciam e nutrem a marca The Wolseley juntamente com o nosso quadro amplo de funcionários”, garante Craig.
Este mês, King voltou à cena gastronômica londrina, resgatando suas raízes – curiosamente, em endereço próximo ao The Wolseley original. O empresário abriu um restaurante no local onde funcionou o Le Caprice, em Mayfair, até 2020.
Inaugurado em 1981, por King e Corbin, o Le Caprice foi o empreendimento responsável por projetar a dupla. O lugar era um reduto de celebridades. Madonna, a princesa Diana, Mick Jagger e Elton John estavam entre os habitués.
Como não pode chamar o restaurante de Le Caprice, de propriedade do empresário Richard Caring, desde 2005, King batizou o novo estabelecimento de Arlington, o nome da rua, onde está instalado.
Escreve o empresário, na apresentação da casa, publicada na internet: “Este restaurante é fundamental na minha história. Está no meu DNA e na minha alma”.