A decisão do Federal Reserve, o banco central americano, de reduzir a taxa de juros nos Estados Unidos levou o ouro e a prata ao pódio dos ativos mais valorizados no ano.
A prata chegou ao seu maior patamar em 12 anos na quinta-feira, 26 de setembro, ao ser cotada a US$ 32 a onça, acumulando uma valorização de 35% no ano.
No dia anterior, o ouro renovou o recorde e chegou ao preço histórico de US$ 2.690, uma valorização de 30% no ano.
Neste ano, os dois principais indicadores da bolsa de valores de Nova York acumulam valorização de 20% (S&P 500) e 21% (Nasdaq). Já o Bitcoin teve alta de 53%.
O rali no mercado financeiro mundial com as commodities metálicas acontece pela expectativa de mais cortes de juros nos Estados Unidos. Os metais estão se valorizando com a perspectiva de menores rendimentos com os títulos do tesouro americano.
Esse movimento beneficia os investimentos em commodities, que não pagam juros. Além disso, há a perspectiva de desvalorização do dólar frente às moedas globais.
Outro fator para o aumento da demanda é a possibilidade de maior uso industrial desses metais, em especial a prata, pela China, que anunciou um grande pacote de estímulos para impulsionar a economia.
A prata é um material importante na transição para a energia limpa e necessária na produção de energia solar e veículos elétricos, que tem crescido exponencialmente no gigante asiático.
Outro fator que tem levado a valorização da prata é a indústria de joias, que foi responsável por mais de 20% da demanda do metal em 2023, e com a expectativa de aumento de até 10% neste ano.
O aumento da demanda vai de encontro à diminuição da oferta. A projeção é de queda de 0,8% na das minas no Peru, um dos principais exportadores, neste ano. E novos projetos do México estão sendo interrompidos por questões ambientais.
Já o ouro tem um drive também político por ser considerado a principal reserva de valor, com investidores tentando se proteger de tensões geopolíticas e ainda por um temor de recessão na economia americana, com impactos globais por ser a maior economia do mundo.
Novos dados de confiança do consumidor divulgados na terça-feira, 24 de setembro, indicaram que os americanos estão se sentindo pessimistas sobre a economia dos EUA e o futuro do mercado de trabalho. O índice mensal de confiança do Conference Board caiu para uma leitura abaixo do esperado de 98,7 em setembro, abaixo dos 105,6 revisados para cima em agosto.
No entanto, a economia americana tem demonstrado bom resultado por enquanto. O produto interno bruto (PIB) do segundo trimestre cresceu 3% no anualizado, segundo dados divulgados nesta quinta-feira, acima da expectativa de 2,9% do mercado.
O mercado está acompanhando com lupa o desempenho da economia americana para entender o ritmo de cortes de juros. Mas, ao que tudo indica, os metais preciosos continuarão a se valorizar com a perspectiva de longo prazo favorecendo seus fundamentos.