O cenário dos sonhos para a economia dos Estados Unidos é controlar a inflação sem uma alta acentuada do desemprego ou uma recessão, o chamado “pouso suave” invocado pelos economistas.
Mas o debate segue acalorado, pois não há consenso do que vem pela frente: se uma recessão ou apenas uma desaceleração da economia.
Em relatório divulgado nesta segunda-feira, 17 de julho, o Goldman Sachs reduziu de 25% para 20% a probabilidade de que os EUA entrem em recessão nos próximos 12 meses, expressando confiança de que o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, será capaz de reduzir a inflação sem causar uma desaceleração econômica.
"Os dados recentes reforçaram nossa confiança de que reduzir a inflação a um nível aceitável não exigirá uma recessão", escreveu o economista-chefe do Goldman Sachs, Jan Hatzius, no relatório intitulado “A narrativa muda”.
A inflação nos EUA caiu para 3% em junho, seu nível mais baixo desde março de 2021, enquanto o mercado de trabalho permaneceu forte - a taxa de desemprego caiu para 3,6% em junho, enquanto os salários por hora subiram 4,4%.
Hatzius destaca especificamente o declínio da taxa de desemprego, o sentimento do consumidor atingindo seus níveis mais altos em quase dois anos e uma reversão na tendência de alta nas reivindicações semanais de auxílio-desemprego como principais sinais de força econômica.
“Esperamos alguma desaceleração nos próximos trimestres, principalmente devido ao crescimento sequencialmente mais lento da renda pessoal e à redução dos empréstimos bancários”, apontou Hatzius.
Mas, acrescentou, a flexibilização das condições financeiras, a recuperação do mercado imobiliário e o boom contínuo na construção de fábricas, efeito do estímulo do governo ao setor de infraestrutura, “sugerem que a economia dos EUA continuará a crescer, embora a um ritmo abaixo da tendência".
Yellen não espera recessão
Não é só o Goldman Sachs que aposta em um “pouso suave” da economia americana.
Em entrevista à Bloomberg TV da Índia, a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, disse que o país está fazendo um bom progresso na redução da inflação e que não espera que a economia dos EUA entre em recessão.
"O crescimento desacelerou, mas nosso mercado de trabalho continua bastante forte, por isso não espero uma recessão", disse Yellen, durante uma pausa na reunião de autoridades financeiras do Grupo dos 20, que ocorre na Índia. "Os dados de inflação mais recentes foram bastante encorajadores."
Muitos economistas têm observado atentamente os sinais de que os aumentos das taxas de juros do Fed inevitavelmente levariam a economia dos EUA a uma recessão.
A redução de expectativa do Goldman Sachs e até de Yellen se contrapõe a “estimativas de consenso” de investidores citadas recentemente pelo The Wall Street Journal, que mostram uma chance de 54% de o país entrar em recessão.
Reforçando o argumento do Goldman Sachs, dados divulgados no mês passado mostraram que o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA aumentou a uma taxa anualizada de 2% no primeiro trimestre, uma revisão acentuada em relação ao ritmo de 1,3% relatado anteriormente, mas ainda abaixo do crescimento de 2,6% do quarto trimestre de 2022.
A leitura de economistas é de que, mesmo com eventuais novas elevações dos juros - o Fed deve anunciar um novo aumento, de 0,25 ponto percentual, na taxa atual (entre 5% e 5,25%) -, a resiliência da economia americana será suficiente para evitar uma recessão.