A Sequoia acaba de anunciar uma mudança na liderança da companhia. O fundador Armando Marchesan Neto vai para o conselho de administração. Em seu lugar a empresa trouxe o executivo Alexandre Rodrigues, um especialista em operações industriais e logística.

A transição entre Marchesan Neto e Rodrigues vai acontecer ao longo dos próximos meses e será encerrada em 1º de fevereiro de 2025, quando o executivo assumirá definitivamente a cadeira de CEO.

Com passagens pela Ouro Verde/Unidas, Ambev e Votorantim, Rodrigues é um especialista em otimizar processos e padronizar operações. A escolha de um executivo de mercado vem após as dívidas financeiras com bancos e fornecedores terem sido equacionadas.

“A gestão do Armando limpou os grandes obstáculos e chego para criar e desenvolver um sistema de gestão e processos com foco na governança para podermos focar na entrega”, diz Rodrigues, em entrevista ao NeoFeed.

A chegada do novo CEO acontece após a Justiça homologar o pedido de recuperação extrajudicial da Sequoia em 22 de outubro. Esse era o último passo de um turnaround que teve início no fim do ano passado.

Em dezembro de 2023, a empresa reestruturou seu endividamento com os bancos. A Sequoia conseguiu realizar a conversão de R$ 311 milhões da sua dívida bancária, um montante próximo a 80% dos R$ 400 milhões devido às instituições financeiras.

Na primeira quinzena de outubro deste ano, a Sequoia fez um acordo com os credores não financeiros que culminou no pedido de recuperação extrajudicial. São, aproximadamente, 700 fornecedores - 90% já não trabalham mais com a empresa - e um total de R$ 295 milhões a receber.

“O timing para a transição é adequado após a reestruturação. A empresa está mais leve e o Alexandre é um sangue novo que chega com a cabeça fresca para acelerar nas avenidas de crescimento”, afirma Marchesan Neto.

A ideia é que o novo CEO faça um mergulho profundo na estrutura da Sequoia ao longo de novembro para identificar as ineficiências, atacá-las rapidamente e fazer os ajustes na operação.

Nos próximos dias, duas pessoas de planejamento vindas da Jive, gestora que detém 22% da companhia, desembarcam na Sequoia para auxiliar o novo executivo a criar modelos rentáveis para o negócio. O objetivo é acertar o pricing. É provável que Rodrigues coloque as áreas comercial e de vendas imediatamente sob sua responsabilidade.

A Sequoia vai focar nos mercados onde ela é competitiva. O transporte expresso e de alto valor agregado são categorias importantes nas quais os clientes entendem e valorizam a companhia. Entrar em guerra de preços para transportes de varejo está fora de cogitação nesse momento.

Isso significa que a Sequoia vai adotar um modelo asset light. Essa transformação já vinha acontecendo nos últimos meses com a entrega de centros de distribuição que geravam custo fixo à operação, mas estavam ociosos - um dos principais será devolvido em 30 de novembro.

Para se ter uma ideia do peso para o negócio, a empresa chegou a ter 90% de ociosidade em um grande espaço que alugava da GLP. Agora, a Sequoia vai alugar espaços conforme a sua demanda. O custo fixo, com isso, se transforma em variável. A empresa está também negociando com um grande player do varejo para locar parte do galpão de sua estrutura no interior de São Paulo.

Nesse sentido, a venda de ativos não-core está nos planos. A companhia identificou uma possibilidade de colocar rapidamente em caixa de R$ 20 milhões a R$ 30 milhões. Mas caberá ao novo CEO decidir se faz sentido esse movimento.

No último balanço divulgado pela Sequoia, em agosto deste ano, a companhia teve prejuízo de R$ 240,1 milhões no primeiro semestre de 2024, um aumento de 1,6% sobre o mesmo período do ano anterior. E o Ebitda foi também negativo em R$ 31,3 milhões, uma redução de 53,2% na mesma base de comparação.

Ficará a cargo de Rodrigues concluir a integração com a Move3, dona de marcas como Flash Courrier, Moove+, Rodoê. As empresas assinaram o acordo definitivo de fusão em março, após aprovação sem restrição do Cade.

Em janeiro deste ano, no anúncio da união, as operações somadas de Sequoia e Move3 tinha uma receita líquida de mais de R$ 2,4 bilhões, maior que Braspress, Total Express e Jadlog, quase mil unidades operacionais e uma cobertura de 5.030 cidades, atrás apenas dos Correios.

“Serão duas coisas importantes nos próximos meses: o direcionamento do modelo de gestão e a integração das duas empresas com as sinergias não capturadas”, afirma o novo CEO.

Dentro dessas oportunidades está o uso de uma tecnologia de tratamento e triagem de produtos. A Sequoia tem em mãos um dos mais modernos e avançados sorter, sistema de classificação automática de pedidos, realizada conforme o local e destino.

Essa grande esteira, com cerca de 300 saídas, tem capacidade de trabalhar 1 milhão de pacotes por dia. Em testes realizados pela empresa, principalmente em momentos de estresse, a operação se mostrou bem-sucedida.

Assim que as engrenagens de todo o maquinário da Sequoia estiver integrado e girando sem fricção, esse sorter pode ser um diferencial para a empresa avançar rapidamente, principalmente para o interior do Brasil.

Entre 16 de outubro e 25 de outubro, período em que anunciou a recuperação extrajudicial, a ação SEQL3, da Sequoia, acumulou alta de pouco mais de 65,9% na B3. Em 2024, porém, a desvalorização é de 76,3%. O valor de mercado atual da companhia é de R$ 85,7 milhões.