Conhecida por sua forte presença na oferta de sistemas de gestão para o varejo, a Linx não tem medido esforços para acrescentar outros produtos e serviços no entorno de seu negócio principal.

Sob esse contexto, a fintech Linx Pay Hub, divisão da empresa brasileira de softwares, vem ganhando protagonismo. E não apenas dentro das fileiras da companhia. Mas também, dentro de uma nova dinâmica no mercado local de pagamentos.

Hoje, a Linx anunciou mais um passo para ampliar sua presença nesse espaço. A companhia fechou uma parceria para integrar a PicPay, uma das principais plataformas de pagamento móvel do País, ao QR Linx.

Uma alternativa às transações efetuadas pelas máquinas de cartões, o serviço viabiliza os pagamentos via QR Code nos pontos-de-venda e reúne diferentes carteiras digitais em uma única plataforma.

Com a PicPay, a Linx dá sequência a parcerias recentes costuradas para fortalecer o serviço. Em pouco mais de três meses, a divisão incorporou carteiras como a Ame Digital, da Americanas.com, e Mercado Pago, do Mercado Livre, ao QR Linx.

“Nós queremos nos consolidar cada vez mais com um hub de pagamentos”, diz Denis Piovezan, vice-presidente da Linx Pay Hub, em entrevista ao NeoFeed. “E com a chegada da PicPay, temos agora as três principais wallets do mercado.”

A parceria traz, de fato, um integrante de peso ao serviço. Com 13,4 milhões de usuários, sendo 3,4 milhões deles ativos, a PicPay movimentou mais de R$ 5 bilhões em transações no ano passado.

Ao mesmo tempo, o acesso a mais de 100 mil lojas da base de clientes da Linx é a moeda de troca no acordo. “Nosso trabalho é tirar o papel moeda físico de circulação e levar conveniência para os nossos clientes”, afirma Elvis Tinti, diretor comercial da PicPay. “Já somos a maior carteira digital do País. Mas precisávamos de um parceiro à altura para ampliar essa presença.” Hoje, o aplicativo é aceito tem uma base de 1,5 milhão de estabelecimentos.

Além do volume e da capilaridade da Linx, outros fatores pesaram para que a PicPay buscasse o acordo. Entre eles, a diversidade de segmentos do varejo dentro dessa base e o acesso a grandes marcas do setor. “Eles têm alta concentração em shoppings, food service, farmácias e postos de combustíveis”, diz Tinti. “E esses segmentos trazem o que mais nos importa: alta recorrência.”

Vertentes como o food service foram justamente o foco inicial de adoção do QR Linx. Desde setembro, o serviço já está disponível em cerca de 3 mil estabelecimentos da base da Linx. A projeção é chegar a pelo menos 15 mil lojas até o fim do ano. Para isso, a divisão prepara uma nova fase de expansão, centrada em farmácias.

“Não queremos acelerar esse processo”, diz Piovezan. “Estamos segurando a ansiedade tanto do varejo quanto das carteiras para que a solução reverbere da forma mais adequada no setor.”

Denis Piovezan, vice-presidente da Linx Pay Hub

Mesmo com essa postura cautelosa, a oferta em questão já funciona como uma porta de entrada para novos varejistas na base de clientes da Linx. Embora não revele nomes, Piovezan afirma que a companhia fechou quatro acordos recentes com grandes nomes do setor, a partir do serviço.

Para ampliar a atratividade do QR Linx, a Linx Pay Hub negocia, no momento, com outras nove carteiras digitais. Além do serviço, a fintech planeja o lançamento de mais produtos da divisão em 2020. Entre outras ofertas, o radar inclui segmentos como seguros. “Nós falamos todo dia com o varejo. Por bem ou por mal. E sabemos onde estão as dores do setor”, observa o executivo.

Novo espaço

A partir desse vínculo estreito com o varejo e de ofertas como o QR Linx, a Linx tem ocupado um espaço alternativo no mercado de pagamentos, hoje dominado pela chamada “guerra das maquininhas”.

A empresa não é a única representante do segmento de software a investir nesse filão. A também brasileira Totvs é outra companhia que está direcionando investimentos na área.

“Estamos nos posicionando fora do óbvio e em um oceano ainda pouco explorado”, diz Piovesan. “Temos uma base de mais de 100 mil lojas que podemos atacar com QR Code”, afirma o executivo, que cita estimativas de mercado de uma participação de 20% da tecnologia no segmento de meios de pagamento nos próximos anos.

Segundo uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) e da AGP Pesquisas, 82% dos varejistas do País planejam adotar aplicativos e serviços de QR Code como meios de pagamento nos próximos doze meses.

À parte dessas projeções, a Linx Pay Hub já ocupa uma posição relevante na operação da Linx. Hoje, a divisão responde por cerca de 15% de participação no faturamento da empresa, cuja receita líquida acumulada entre janeiro e setembro de 2019 foi de R$ 566 milhões.

Ao mesmo tempo, a unidade de serviços financeiros é um dos pontos destacados por analistas na escalada recente da companhia. Desde meados de outubro de 2018, quando a divisão foi lançada, o valor de mercado da Linx saltou da faixa de R$ 3 bilhões para os atuais R$ 6,2 bilhões, segundo dados da consultoria Economatica.

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