A Vulcabras, dona das marcas esportivas Olympikus, Mizuno e Under Armour, tem feito um discurso repetitivo há 16 trimestres. No terceiro trimestre de 2024 não foi diferente: o 17º trimestre de crescimento consecutivo veio com o recorde de R$ 196,7 milhões de Ebitda, uma expansão de 11,1% sobre o mesmo período do ano anterior.

Embora repetitivo, a empresa liderada por Pedro Bartelle não pensa em mudar o discurso. A Vulcabras quer continuar apresentando indicadores em crescimento para o investidor. No terceiro trimestre, por exemplo, o Retorno sobre o Capital Investido (ROIC) foi de 29,9%.

“É mais um trimestre de crescimento, com o maior Ebitda da nossa história, o que mostra que temos conseguido rentabilizar com aumento de investimento e de produção”, diz Bartelle, CEO da Vulcabras, ao NeoFeed.

A receita operacional líquida de R$ 784,6 milhões indica um crescimento de 7,3% sobre o terceiro trimestre de 2023. A maior participação veio da categoria de calçados esportivos, que entregou 86,5% desse resultado, ou seja, R$ 673 milhões. A produção chegou a 5.475 pares no trimestre.

O caixa líquido da companhia no fim do terceiro trimestre era de R$ 117,2 milhões. A Vulcabras manteve a sua política de distribuição recorrente de dividendos para os acionistas. E se a companhia não for realizar nenhuma aquisição, dividendos extraordinários serão distribuídos aos investidores.

“Estamos atentos para trazer mais negócios e estamos preparados para crescer inorganicamente”, diz Bartelle.

No terceiro trimestre, a Vulcabras aumentou sua recompra de ações de 5 milhões para 10 milhões de papéis. “Somos bons alocadores de capital e a recompra é uma oportunidade com as ações descontadas do seu preço justo”, diz o CFO Wagner Dantas.

Essas ações estão em tesouraria como um ativo, seja para um eventual deal da companhia ou para honrar o programa de stock option com os executivos.

No ano, a ação VULC3 está em queda de 12,8%. O valor de mercado da companhia é de R$ 4,7 bilhões.

Asfalto e gramado

No terceiro trimestre, a Vulcabras deu início aos preparativos de comemoração dos 50 anos da Olympikus em 2025. “Estamos preparando a invasão do Brasil”, afirma Barelle.

A ideia é ampliar a presença da marca em eventos, patrocinando mais maratonas (neste ano o tênis Olympikus bateu a marca de 100 pódios nas categorias masculina e feminina) e com corridas proprietárias.

“Vamos fazer barulho no momento em que a marca merece por estar entre as preferidas do corredor brasileiro”, afirma o CEO.

Mas, das três marcas dentro do portfólio da companhia, a Mizuno esteve em destaque no trimestre com a inauguração de uma estação de corrida localizada na raia olímpica da USP, tradicional local de treinamento em São Paulo, e um espaço proprietário no Edifício Renata Sampaio, também em São Paulo, que combina arte, cultura, moda e música para apresentar a sua linha de produtos sportstyle.

Mas é a reestreia no futebol, uma nova categoria para a empresa, que foi o ponto alto do período. Em setembro, a Mizuno anunciou Gabriel Barbosa, o Gabigol, como embaixador da marca. O contrato de seis anos com o atleta prevê uma linha exclusiva assinada por ele.

A parceria marca, também, o início da produção de chuteiras pela Vulcabras no Brasil. A Morelia, que é um ícone da Mizuno e antes era importada, passou a ser fabricada localmente, além da criação e desenvolvimento do modelo Regente, feito completamente no País.

“A Mizuno abriu várias frentes com o Gabigol. Estamos bem no começo da nossa estratégia no futebol, mas ele é uma grata surpresa e um asset da marca”, afirma Bartelle.

No domingo, 3 de outubro, o escritório da Vulcabras vibrou com a atuação de Gabriel Barbosa, o Gabigol, no primeiro jogo da final da Copa do Brasil. O camisa 99 do Flamengo, que teve participação direta (e dois gols) na vitória por 3x1 sobre o Atlético-MG. O novo embaixador da marca estreou com pé direito em jogos finais.