Nos próximos dias, o aplicativo Strava apresenta a sua pesquisa anual com os principais dados de seus usuários no Brasil. Entre as tendências do ano, chama a atenção o crescimento do uso do tênis Olympikus entre corredores de alta performance.

Em um mercado dominado por calçados globais de Nike, Adidas, New Balance, Asics entre outras, a marca brasileira que pertence à Vulcabras tem investido para aumentar seu pace e entrar na elite da corrida de rua.

Para conquistar o seu espaço, foi preciso inovar. No primeiro trimestre de 2024, a Olympikus apresenta uma nova espuma, utilizada para deixar o tênis mais leve, que une placa de carbono e grafeno - duas tecnologias de ponta utilizadas nos principais produtos esportivos.

Esse lançamento, que vem sendo chamado internamente de o “super tênis” que vai revolucionar o mercado de corrida brasileira, foi desenvolvido 100% pela equipe de pesquisa e desenvolvimento da marca.

O nome ainda está em fase de aprovação. A dúvida está em numerá-lo e dar sequência à família de alta performance - Corre 3, Corre Vento 2, Corre Trilha, Corre Grafeno 2 - ou criar um novo segmento.

“A Olympikus como marca esportiva precisa ter um esporte para chamar de seu. Por isso a corrida é a nossa Fórmula 1”, diz Márcio Callage, Chief Marketing Officer (CMO) da Vulcabras, que detém, também, o licenciamento de Mizuno e Under Armour.

Ele acrescenta: “Esse tênis vai ser o principal lançamento do semestre e vai mudar a impressão do corredor sobre a marca. É para ir para outro patamar”.

Para estar nesse pódio da elite do esporte, a Vulcabras não mediu esforços para transformar o seu parque fabril. Nos últimos cinco anos, foram desembolsados mais de R$ 600 milhões em pesquisa e desenvolvimento e na modernização das fábricas. Somente nos nove primeiros meses de 2023, pouco mais de R$ 131 milhões foram investidos em moldes, máquinas e equipamentos.

Localizado na cidade gaúcha de Parobé, que está a 70 km de Porto Alegre, o centro de tecnologia desenvolve cerca de 800 novos modelos por ano e é liderado por Evandro Kollet, um veterano com quase 25 anos na direção esportiva da Vulcabras.

No balanço do terceiro trimestre da Vulcabras, o faturamento dos tênis de alta performance chegou a 15%, um crescimento sobre os 10% registrados no primeiro trimestre.

Todo esse esforço gera um diferencial competitivo importante sobre as concorrentes internacionais. A Olympikus demora quatro meses para desenvolver um novo produto e colocá-lo no mercado, enquanto o ciclo das marcas estrangeiras é de 12 meses.

marcio callage vulcabras
Marcio Callage, CMO da Vulcabras

Além disso, há agilidade na entrega para o lojista, que recebe em até cinco semanas os pedidos de abastecimento - em médias as concorrentes levam até 20 semanas.

Neste ano, a empresa vendeu quase 15 milhões de calçados esportivos de janeiro a setembro, expansão de 3,5% sobre o mesmo período de 2022. E a Olympikus responde por mais de 50% das vendas da empresa.

“Como estamos falando de Brasil, tínhamos o objetivo de democratizar a performance, mas também transcender a pista e a corrida, para o tênis ser usado no dia a dia”, diz Callage.

O executivo complementa: “Muitas vezes os super tênis são focados nos atletas de uma elite que não conversa com o corredor que compra o tênis e não vai usar apenas nas provas e competições”.

A precificação entra também como um atrativo da Olympikus, que consegue entregar alta tecnologia pela metade do valor de suas concorrentes estrangeiras - o tênis topo de linha custa em torno de R$ 700 ante R$ 1,5 mil das marcas globais.

Um passo para fora

Além do desenvolvimento do novo produto, a marca almeja competir no mercado internacional. Pedro Bartelle, CEO da Vulcabras, disse recentemente que o próximo passo da Olympikus é expandir fronteiras. Potencialmente, os países da América do Sul são um caminho natural. Mas a possibilidade de chegar antes na Europa cresceu nos últimos dias.

“Existe um apelo de uma marca made in Brazil, com 100% dos tênis sendo feitos com energia limpa, no exterior. Acabamos de anunciar um distribuidor na Espanha e, de fato, estamos olhando para ver se existe algum espaço para construir isso”, afirma Callage.

Nos últimos 13 trimestres, a Vulcabras vem apresentando crescimento consecutivos acima de dois dígitos. No terceiro trimestre, o faturamento líquido de R$ 731,4 milhões foi 10,2% maior que o do mesmo período do ano anterior. O Ebitda de R$ 177,1 milhões foi o maior registrado pela companhia.

“A rentabilidade mais uma vez se destacou no resultado, enquanto os volumes continuaram pressionados pela dinâmica macro mais desafiadora”, escreveu Danniela Eiger, head de varejo e co-head de research da XP. “É interessante notar que a companhia deu indicações positivas para os próximos trimestres, uma vez que os pedidos continuam fortes.”

Com valor de mercado de R$ 4,9 bilhões, a ação da Vulcabras acumula alta de 67,9% em 2023.