O que parecia ser uma dor de cabeça para a Adidas – o estoque de calçados criados em parceria com o rapper Ye, outrora conhecido como Kanye West – está ironicamente se revelando um efeito positivo para as vendas e resultados da fabricante de roupas esportivas. E os acionistas estão reagindo positivamente.

As ações da companhia alemã sobem mais de 3% na quarta-feira, 18 de outubro, um dia depois de ela ter melhorado novamente as projeções para o ano. A Adidas espera agora um prejuízo operacional em 2023 de € 100 milhões (US$ 15,9 milhões), bem abaixo dos € 450 milhões (US$ 476,5 milhões) divulgados na primeira revisão e dos € 700 milhões (US$ 741,3 milhões) esperados inicialmente.

A companhia informou ainda que a receita deve apresentar uma queda de “um dígito baixo” em relação a 2022, o que pode ser entendido como uma contração na faixa de 1% a 4%, em vez de “um dígito médio”, algo em torno de 5%. Isso desconsiderando os efeitos da taxa de câmbio.

A decisão ocorreu após o desempenho acima do esperado das vendas no terceiro trimestre, puxados novamente pela venda do estoque de Yeezy.

A Adidas registrou no período um lucro operacional de € 409 milhões (US$ 433,1 milhões), ainda que abaixo dos € 564 milhões (US$ 597,2 milhões) registrados no mesmo intervalo do ano anterior. Além das vendas dos Yeezys, a companhia destacou que as operações em geral tiveram um desempenho melhor.

A empresa apurou um aumento de 1% da receita líquida no terceiro trimestre, desconsiderando os efeitos cambiais, na comparação com o mesmo período de 2022. Levando em conta este ponto, a receita caiu 6%, a € 6 bilhões (US$ 6,3 bilhões).

A Adidas rompeu o acordo que tinha com Ye desde 2014 para desenvolver uma linha de tênis autoral no final do ano passado, depois de uma série de declarações antissemitas do rapper. A previsão era de que o episódio teria um um impacto negativo de € 1,2 bilhão (US$ 1,3 bilhão) na receita de 2023 caso não conseguisse vender o estoque de Yeezys.

Em maio, a empresa anunciou que começaria a vender alguns Yeezys remanescentes pela internet, destinando parte dos recursos para organizações não governamentais que atuam no combate ao racismo. Foram colocados à venda modelos existentes e alguns novos previstos para estrear em 2023.

As falas de Ye não foram suficientes para aplacar o interesse por parte de aficionados e colecionadores de tênis. O tamanho da demanda ficou claro no segundo trimestre, quando a companhia registrou uma busca tamanha que não conseguiu atender todos os pedidos, conforme apurou o Financial Times na ocasião.

A linha Yeezy era um sucesso dentro da Adidas. Em 2022, as vendas dos tênis da linha totalizaram € 1,7 bilhão (US$ 1,8 bilhão) em receita e quase € 700 milhões (US$ 741,3 milhões) em lucro operacional para a companhia.

Por volta de 13, as ações das Adidas subiam 3,21% na Bolsa de Frankfurt, a € 176,45. No ano, elas acumulam alta de 37,4%, levando o valor de mercado a € 31,5 bilhões.