A plataforma de investimentos alternativos Hurst Capital está ampliando a sua atuação no mercado de arte. Além da estruturação das operações focadas nesse segmento, a empresa começa agora a oferecer também avaliações de obras de arte e o serviço de art advising — uma espécie de consultoria para auxiliar o cliente a montar sua coleção e gerenciar seu patrimônio.

Outra novidade é que a operação antes conhecida como Artes do Brasil passa agora a se chamar Artk. palavra nascida da união de "arte" com "capital". O objetivo é ter uma marca mais forte no exterior, aproveitando a alta do dólar para melhorar a rentabilidade dos ativos.

“O novo nome é para fazer parcerias internacionais", diz Ana Maria Lima, diretora da Artk, em conversa com o NeoFeed. "Estamos começando a vender obras em feiras e leilões de outros países.”

Entre as mais de 80 obras da gestora,  há desde mestres brasileiros, como Di Cavalcanti, Alfredo Volpi, Jandyra Sanders e Judith Lauand, até artistas jovens, como o paulistano Victor Fidelis, a indígena Uýra e o carioca Daniel Barreto.

Nos últimos 20 anos, o mercado global de arte contemporânea saltou de US$ 169 milhões para US$ 1,8 bilhão, segundo o relatório mais recente do banco de dados francês Artprice. O crescimento dos valores está  fundamentado no aumento do volume de transações. No ano passado, foram 132 mil obras vendidas em leilões de todo o mundo — um recorde.

A maior procura pode ser explicada não só pela digitalização das vendas, mas também pela democratização de acesso. Do total de peças vendidas, 82% custavam menos de US$ 5 mil.

Para Ana Maria, a Artk, além de contribuir para o amadurecimento do mercado de arte brasileiro, favorece o contato da Hurst Capital com potenciais novos clientes.

“Investir em arte não é como aplicar em um CDB, em que a decisão é tomada da noite para o dia", diz Ana Maria. "É através de relacionamento. Por isso, estamos construindo vínculos com family offices, escritórios de investimento e investidores com grandes fortunas.”

Na opinião da executiva, existe um público potencial grande não explorado no Brasil. Isso porque muita gente ainda tem receio de investir em obras de arte pela dificuldade de compreensão das particularidades do mercado.

"Carnaval", de Di Cavalcanti, década de 1950 (Foto: Divulgação/Hurst Capital)

Sem título, de Judith Lauand, 1963 (Foto: Divulgação/Hurst Capital)

Sem título, de Jandyra Waters, 1993 (Foto: Divulgação/Hurst Capital)

Sem título, de Daniel Barreto, 2023 (Foto: Divulgação/Hurst Capital)

Uma das dúvidas mias frequentes é sobre a precificação das obras. Há, porém, alguns critérios a serem respeitados que facilitam o entendimento, como, por exemplo, o interesse de museus pelo artista.

De forma prática, uma fotografia tem menor valor potencial do que um quadro ou uma escultura, já que fotos podem ser replicadas várias vezes. As peças de um vanguardista podem receber avaliações maiores do que o autor que bebe na fonte de seus antecessores.

"É comum as pessoas terem alguma uma obra que acham que vale uma fortuna, mas não vale", lembra Ana Maria. "A peritagem vem para trazer mais seriedade para esse mercado e para diminuir a insegurança na hora da aquisição.”

Os investimentos em ativos alternativos estão em alta no mercado financeiro global. Em 2005, apenas 5% da carteira dos investidores institucionais estava alocada em alternativos. Em 2018,  cresceu para 25% e, até 2030, deve atingir 40%.

Além de arte, esse modelo de operação inclui também memorabilia,  royalties musicais, carros clássicos, brinquedos antigos, selos e até vinhos, entre outros.

Por meio da operadora MUV, a Hurst Capital é pioneira no Brasil em royalties musicais.

A gestora detém, por exemplo, os direitos das obras de Toquinho, figura central da MPB, de Moacyr Franco, de Paulo Ricardo, ex-líder da banda RPM, e do pianista Luiz Avellar.

No ano passado, a empresa adquiriu o catálogo de composições de Lari Ferreira e Renan Valim, donos de hits gravados pro Marília Mendonça, Anitta e Wesley Safadão.