Ao divulgar seu balanço do terceiro trimestre, há três semanas, a SLC Agrícola reportou um prejuízo líquido de R$ 17,3 milhões, contra um lucro líquido de R$ 167,3 milhões, um ano antes, além de uma queda de 1% em sua receita, para R$ 1,63 bilhão.

Esses indicadores não impediram, porém, o Bank of America (BofA) de enxergar um campo fértil no cenário à frente da produtora de commodities. O banco elevou a recomendação da companhia, de neutra para compra, e o preço-alvo do papel, de R$ 22 para 24, um upside de 39% sobre o preço de tela.

“Embora sigamos cautelosos com os preços dos grãos em dólar nos próximos 6 a 12 meses, acreditamos que a SLC será capaz de entregar um crescimento sólido em 2025 e 2026, dada a maior área plantada, os retornos e o impacto positivo do real mais fraco nos preços realizados”, escreveu o BofA.

Nesse cenário, os analistas Isabella Simonato, Júlia Zaniolo e Fernando Olvera projetam que os preços da soja e do milho permanecerão pressionados em 2025. E ressaltam que a produção sólida na América do Sul e os estoques altos nos Estados Unidos devem limitar o aumento dos preços em dólar.

Embora enxergue um limite no aumento dos preços das commodities, o trio, ao revisar suas estimativas, acredita que a SLC será capaz de ampliar significativamente seu Ebitda ajustado, de R$ 2,16 bilhões, em 2024, para R$ 2,8 bilhões, no ano que vem, e R$ 3,1 bilhões, em 2026.

Entre outras linhas do balanço, a atualização das projeções aponta ainda para uma margem Ebitda ajustado de 38,1% e 35,6%, respectivamente, em 2025 e 2026. As estimativas anteriores eram de 36,5% e 34,9% nesses períodos.

O banco americano atribui a atualização nessas projeções ao aumento de 11% na área plantada, para 734 mil hectares. E também ao crescimento dos rendimentos da soja e do milho, respectivamente, de 21% e 7%.

“Vemos um risco mais limitado para os rendimentos da soja neste momento, apesar de o plantio tardio no Centro-Oeste, dado que as condições climáticas melhoraram”, observam os analistas em outro trecho do relatório.

Em outra ponta, o Bank of America vê as ações da SLC Agrícola sendo negociadas com um múltiplo atrativo de 3,6 vezes EV/Ebitda - contra o patamar histórico de 5,5 vezes - e gerando um retorno sobre o fluxo de caixa elevado, de 7%, em 2025, mesmo em meio a um ciclo de baixa das commodities.

A ação SLCE3, da SLC Agrícola, encerrou o pregão de segunda-feira, 2 de dezembro, na B3 cotadas a R$ 17,97, alta de 3,22%. No ano, os papéis registram uma desvalorização de 4,5%. A companhia está avaliada em R$ 7,9 bilhões.