Os produtos provenientes da China não têm sido recebidos de portas abertas em economias como a dos Estados Unidos e da Europa. Nos últimos meses, o governo americano impôs um imposto de 100% aos veículos elétricos chineses, enquanto a União Europeia aprovou novas alíquotas de importação de até 45% para esses automóveis.

Porém, nem todas as montadoras estão dispostas a cortar os laços com as fabricantes chinesas, que hoje são responsáveis por boa parte da matéria-prima presente nos veículos elétricos.

A Stellantis, dona de marcas como Peugeot, Fiat e Citroën, é um exemplo desse movimento contrário. A montadora acaba de fechar uma parceria com a CATL, maior fabricante de baterias do mundo, para abrir uma fábrica à base de lítio avaliada em € 4,1 bilhões (pouco mais de R$ 26 bilhões) em Zaragoza, no nordeste da Espanha.

Segundo o Financial Times, o projeto faz parte de uma joint venture entre as marcas e visa fortalecer a transição da Stellantis para veículos elétricos. A produção está prevista para começar no final de 2026.

Com a iniciativa, John Elkann, presidente do conselho da Stellantis, afirmou que o grupo está “adotando todas as tecnologias avançadas de baterias disponíveis para oferecer produtos competitivos de veículos elétricos aos nossos clientes”.

A fábrica na Espanha será o terceiro grande investimento da CATL na Europa, onde já tem instalações em operação na Alemanha e na Hungria.

Apesar de ter perspectivas mais complexas dentro da União Europeia, a nova fábrica poderá ocupar o espaço deixado pelos produtos da norte-americana Northvolt, que entrou com pedido de falência e era uma das principais apostas da região no segmento de baterias.

O grupo chinês, que é o maior fornecedor da Tesla, tem trabalhado para expandir sua presença na Europa enquanto as tensões ameaçam os planos de crescimento nos Estados Unidos. Atualmente, a CATL tem 33% de participação no mercado global, segundo a SNE Research.

Para a Espanha, a vinda da CATL pode ser considerada como uma vitória. O país, que tem lutado para manter sua relevância na produção de veículos, ofereceu a Stellantis um subsídio de € 133 milhões para o projeto potencial em Zaragoza, financiado com recursos do fundo de recuperação pós-pandemia da UE.

Com subsídio ou sem, essa não é a primeira vez que a Stellantis ficou do lado das empresas chinesas. Após encerrar parte de suas operações no país, a montadora europeia adquiriu 20% da Leapmotor, uma startup chinesa, por € 1,5 bilhão. Com a aquisição, a Stellantis recebeu os direitos exclusivos de fabricar e vender os veículos Leapmotor fora da China por meio de uma joint venture.

Diferentemente da parceria com a CATL, a Leapmotor utiliza uma fábrica da Stellantis na Polônia para produzir seu compacto elétrico T03. Com essa estratégia, a marca consegue evitar as tarifas elevadas da União Europeia sobre importações de veículos elétricos chineses.