Muitas empresas têm turbinado seus valuations na trilha do boom da inteligência artificial. Que o diga a Nvidia que, nessa esteira, saltou de uma avaliação de pouco mais de US$ 440 milhões, no início de 2023, para atuais US$ 3,4 bilhões.

Agora, uma outra empresa americana está no passo para seguir esse mesmo roteiro a caminho de entrar – e se consolidar - no seleto clube das companhias com um valor de mercado acima de US$ 1 trilhão, barreira que foi superada pela Nvidia em junho do ano passado.

A mais nova candidata a figurar ao lado de Apple, Microsoft, Amazon, Alphabet, Meta e Tesla é a Broadcom, companhia de chips e softwares sediada em Palo Alto, na Califórnia, e que tem em sua carteira justamente a empresa da maçã, entre outros clientes.

Os papéis da companhia chegaram a ser negociados com alta de mais de 19% no pre-market desta sexta-feira, 13 de dezembro, na Nasdaq. E a superação, até então inédita no histórico da companhia, da barreira trilionária veio logo na sequência, com a abertura do mercado.

Por volta das 10h04 (horário local), as ações da Broadcom estavam sendo negociadas com alta de 21,43%, cotadas a US$ 219,38, o que deu à empresa um valor de mercado de US$ 1,04 trilhão. Em 2024, os papéis acumulam uma valorização de 96,5%.

O combustível para esse mais recente rali veio com a divulgação, na quinta-feira, 12, do resultado do quarto trimestre e do ano fiscal consolidado da empresa, encerrado em 3 de novembro. O balanço foi temperado por números fortes nas linhas ligadas à inteligência artificial.

No trimestre, a Broadcom apurou uma alta de 51% em sua receita líquida, para US$ 14 bilhões. Nesse pacote, as vendas de produtos de inteligência artificial registraram um crescimento de 65%, bem acima do avanço de 10% em seu negócio total de semicondutores.

Em outro indicador, referente ao ano fiscal consolidado, a empresa havia previsto que reportaria uma receita de mais de US$ 10 bilhões nos negócios de inteligência artificial. E bateu essa marca com uma receita de US$ 12,2 bilhões no período, alta de 220%.

Segundo a companhia, esse crescimento foi alimentado pela demanda por chips e equipamentos de rede. A empresa reforçou essa boa perspectiva ao divulgar o guidance para o primeiro trimestre do ano fiscal de 2025, a ser encerrado no próximo dia 2 de fevereiro.

Para o período, a Broadcom projeta uma receita de aproximadamente US$ 14,6 bilhões, com a manutenção da procura por esse portfólio. O que, por sua vez, deve compensar a queda para os processadores não ligados a essa tecnologia.

Em um complemento a esse cenário favorável, a empresa também projetou que o mercado endereçável para chips e outros componentes de inteligência artificial voltados a data centers, o espaço em que a companhia atua, alcançará o patamar de US$ 90 bilhões até o ano fiscal de 2027.

Além dessas frentes, o portfólio da Broadcom inclui ainda ofertas como chips para carros, smartphones e equipamentos de acesso à internet, além de uma divisão de software com sistemas para mainframes, segurança digital e data center.

Uma parcela significativa desse leque amplo foi construída por meio de uma série de aquisições. Nesse contexto, o principal acordo anunciado pela Broadcom foi a compra da VMware, de softwares na nuvem, concluída há cerca de um ano, por US$ 69 bilhões.