A gaúcha Be8 é uma potência no mercado de renovação energética. A companhia, que teve receita de R$ 8,5 bilhões no ano passado, tem trabalhado para convencer os principais agentes econômicos sobre a eficiência do biodiesel. E neste ano esse trabalho ganha escala global.
O fundador e presidente Erasmo Carlos Battistella revelou com exclusividade ao NeoFeed os detalhes do estudo que a Be8 vai apresentar em Davos, na Suíça, durante o Fórum Econômico Mundial. Na terça-feira, 21 de janeiro, na Casa Brasil, um espaço patrocinado por BTG, Gerdau, JHSF, Vale, Ambipar, Randoncorp, além da Be8, a empresa vai explicar os diferenciais do Fator Econômico e Ambiental (FEA), feito em parceria com a Accenture.
Criado para reforçar a eficiência do biocombustível em relação ao óleo diesel, a fórmula que mostrar, na prática, os benefícios ambientais do biodiesel, além de comprovar que o combustível verde também traz vantagens econômicas. Pelo estudo, o custo do litro é 20% menor do que o do combustível fóssil.
“Mesmo se custasse mais ainda seria a melhor opção”, diz Battistella. “Queremos demonstrar em números o que já sentíamos no dia a dia, que é a capacidade dos biocombustíveis em suprir a demanda energética, mas também gerar impacto econômico muito positivo.”
Para Felipe Bottini, diretor ESG para a América Latina da Accenture, o índice de descarbonização do produto também é considerado no indicador final. “A linha de raciocínio era considerar todas as variáveis possíveis e ter um ambiente de comparação adequada entre o diesel e suas alternativas”, diz o executivo da consultoria.
Foi levado em conta, segundo o especialista, o Custo Total de Propriedade (TCO, em inglês), que considera os custos de aquisição, operação e manutenção de um ativo, além do índice das emissões de gases de efeito estufa (GEE).
Além do biodiesel tradicional, o FEA também fez comparativos do combustível fóssil com o BeVant, lançado pela Be8 em outubro de 2023. A diferença dele em relação ao biodiesel "comum" é que, pela sua composição, pode ser usado diretamente no taque do veículo, substituindo 100% o diesel.
Pelo FEA, o diesel comum tem um custo de R$ 6,5 milhões para cada 200 mil quilômetros rodados, enquanto o biodiesel fica em R$ 5,5 milhões para a mesma distância percorrida, e o BeVant, R$ 6,1 milhões.
O indicador criado pela Be8, em conjunto com a Accenture, também analisou a Matriz Insumo-Produto (MIP), um dado importante para ajudar no cálculo do Produto Interno Bruto (PIB). Por esse estudo, enquanto um litro de diesel gera um ganho econômico de R$ 0,54 no Brasil, o biodiesel gera R$ 7,19 e o BeVant, R$ 8,36.
“O biocombustível é muitas vezes mais vantajoso do que o diesel comum, em todos os aspectos, e impacta muito o PIB”, diz Battistella.
Dessa forma, segundo o CEO da Be8, o Brasil pode avançar na mistura do biodiesel no diesel, que hoje é de 15%. Pela lei do Combustível do Futuro, sancionada em outubro de 2024, esse índice vai chegar a 25% até 2035, com avanço de um ponto percentual por ano.
Próximo passo, segundo Batistella, será adaptar o FEA para poder fazer a comparação entre etanol e gasolina. “Com a criação desse fator, a gente manda uma mensagem aos tomadores de decisão e às pessoas que têm compromisso em ajudar a melhorar o meio ambiente no mundo.”
Aquisição e crescimento
Na manhã de terça-feira, 14 de janeiro, a Be8 cncluiu a aquisição da concorrente Biopar, que vai garantir aumento de participação de mercado, volume de produção e expansão territorial. A assinatura foi a última etapa do processo de compra, que recebeu aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) na sexta-feira, dia 10.
Com a compra da Biopar, a Be8 salta de 11% para 14% de market share e passa a operar também no Norte, Nordeste e Centro-Oeste. “Nosso objetivo foi crescer geograficamente no Brasil, para poder atender os clientes que têm atuação nacional”, afirma Battistella.
No ano passado, a Be8 comercializou mais de 900 milhões de biodiesel. Com a incorporação do novo volume, a empresa, que tem capacidade anual de 1,08 bilhão de biodiesel, acrescenta 35,6% com a Biopar, alcançando 1,47 bilhão de litros ao ano.
Dessa forma, a Be8 deve crescer pelo menos 20% em faturamento e alcançar receita global de R$ 10 bilhões em 2025.
A Biopar, que vai incorporar o nome Be8, tem unidades em Nova Marilândia (MT), Floriano (PI) e Santo Antônio (PA), além de escritório administrativo em Cuiabá (MT). A Be8 tem fábricas em Passo Fundo (RS), Marialva (PR), La Paloma (Paraguai) e Domdidier (Suíça). A empresa não revelou o valor da compra.