A Igah Ventures, do Patria, conseguiu levantar R$ 157 milhões em apenas três semanas para um fundo de venture capital que vai alocar recursos nos “vintages” da própria gestora.

Distribuído pela XP, como havia antecipado o NeoFeed, o fundo Patria Igah Blend focou em investidores da plataforma da companhia fundada por Guilherme Benchimol. A tese é fazer um “blend” com o fundo 4, que ainda está em fase de investimento, e o 3, que já terminou os aportes.

“Tivemos uma demanda acima da oferta, mas não tínhamos muita margem para ultrapassá-la”, afirma Pedro Melzer, fundador do Igah Ventures, comprada pelo Patria em dezembro de 2022. “Foram mais de mil investidores.”

A estratégia é investir 70% dos recursos no fundo 4, cuja meta é chegar a US$ 130 milhões e ainda está aberto a captação. Os outros 30% serão destinados a comprar cotas do fundo 3, dando saída a alguns limited partners (LPs) que buscavam liquidez.

A Igah Ventures já investiu na companhia de tokenização de ativos Liqi em seu fundo mais recente. O veículo 3, que vai começar a fase de desinvestimento, tem no portfólio empresas como Avenue, comprada pelo Itaú; Unico, idtech avaliada em US$ 2,6 bilhões; CRMBonus, cujo valuation atingiu R$ 2,2 bilhões; além de Conexa Saúde, Hashdex, Logcomex, Klubi, entre outras startups.

“Vamos comprar cotas secundárias com descontos importantes do fundo 3. O investidor vai capturar imediatamente essa apreciação”, diz Melzer. Ele lembra também que a Avenue foi comprada pelo Itaú em três tranches. A segunda delas será paga neste ano, o que significa retorno de capital aos cotistas do veículo distribuído pela XP.

Dos mais de 1 mil investidores que participaram da captação, 60% deles investiram um cheque mínimo de R$ 500 mil, que só é desembolsado quando há chamada de capital para um aporte. Aqueles que participaram com um cheque mínimo de R$ 10 mil tinham que disponibilizar o dinheiro imediatamente.

Na visão de Melzer, além de ficar com investimentos de empresas que estão indo bem no fundo 3, os investidores vão poder participar dessa nova safra de investimentos em um cenário mais amigável.

O mercado de venture capital brasileiro viveu uma fase de euforia entre 2020 e 2021, quando atingiu patamares recordes de investimentos. A consequência dessa liquidez foram valuations altos. A ressaca, nos anos seguintes, deixou marcas pelo caminho, com muitas empresas sem capital para levar adiante suas estratégias.

No ano passado, as startups brasileiras captaram US$ 2,14 bilhões, alta de 13,83% sobre o ano anterior (US$ 1,88 bilhão), segundo pesquisa do Distrito. Para efeito de comparação, com exceção de 2023, período que ficou conhecido como o inverno das startups, o volume só é maior do que 2018, quando as empresas inovadoras brasileiras receberam US$ 1,4 bilhão.

Agora, no entanto, o mercado está mais racional, o que, segundo Melzer, favorece os investimentos. “As melhores safras e as melhores performances são exatamente nos períodos em que temos menos abundância de capital”, afirma Melzer.

Essa não é a primeira vez que a XP distribui fundos de venture capital em sua plataforma. Em 2022, a XP se associou a Romero Rodrigues na gestora Headline e ajudou na captação que chegou a R$ 915 milhões.