Em mais um investimento no Brasil, a gestora americana Riverwood Capital está liderando uma rodada série B de US$ 32,5 milhões (R$ 165 milhões) na Logcomex, startup curitibana que oferece soluções de comércio exterior com o uso de inteligência artificial e big data.
Participam da rodada também Endeavor Catalyst, Spectra, Igah Ventures, Alexia Ventures e Caravela Capital– estes três últimos já eram investidores do negócio.
A Riverwood Capital estava acompanhando a operação desde 2021, mas o aporte só começou a ser negociado de fato nos últimos três meses. “Quando a gente se tornou empreendedor Endeavor, as coisas começaram a acelerar”, diz Helmuth Hofstatter, CEO e cofundador da Logcomex em entrevista ao NeoFeed.
Antes desta injeção de capital, a Logcomex já havia levantado cerca de US$ 11 milhões. A última rodada foi feita em 2021, quando a startup recebeu US$ 10,3 milhões. “A gente ainda não gastou nem metade do que captamos naquele round”, diz Hofstatter.
O dinheiro captado nesta rodada deve ser utilizado para o desenvolvimento de novos produtos voltados para a base de clientes atual, formada principalmente por portos, aeroportos e operadores de logística. “Queremos também lançar soluções para clientes que ainda não atendemos, como bancos, seguradoras e exportadores”, diz Hofstatter.
Aquisições também estão no radar. “Há uma estratégia de M&As que faz parte do nosso objetivo com essa rodada”, diz Carlos Souza, cofundador e COO da Logcomex. Ainda não há uma definição em relação ao tamanho do cheque, mas a ideia é fazer ofertas que incluam, além de dinheiro, a troca de ações.
A Logcomex informa que ainda está “mapeando os alvos”, mas existe uma inclinação por buscar negócios com empresas que facilitem a expansão internacional da startup.
Apesar de já ter clientes em 11 países, 90% da receita da startup vêm do Brasil. A Logcomex entende que precisa trabalhar melhor a oferta de informações e de serviços para clientes internacionais ou para exportadores que desejam mais dados em relação a um determinado mercado. Uma aquisição neste sentido pode mudar tal cenário.
Em seu modelo de negócio atual, de software as a service, a startup ganha dinheiro ao oferecer um plano de assinatura em que oferece diferentes serviços para empresas. Entre eles está uma plataforma para monitoramento e gerenciamento das cargas transportadas e uma área de análise que fornece dados sobre o setor.
Esses dados são utilizados para ajudar companhias que não necessariamente atuam com importação e exportação de bens, mas que podem ter seus negócios impactados por um volume maior de importações de um determinado produto, por exemplo.
A Logcomex não revela dados financeiros, mas informa que o negócio já é lucrativo desde janeiro deste ano. No ano passado, a companhia obteve crescimento de cerca de 50% e a expectativa é repetir este percentual em 2023.
Em relação aos clientes que usam a solução da startup, a Logcomex diz que já atende "milhares de empresas", mas sem especificar quantas. Entre elas estão Embelleze (fabricante de produtos cosméticos), Suape Aditivos (da indústria química) e FoxBroker (voltada para o despacho aduaneiro).
A competição se dá principalmente com empresas mais tradicionais do setor, como HKTC, Nowports e Comex Online, mas que focam mais em resolver as burocracias do processo do que na parte estratégica da operação, com a análise de dados do setor.
Com o aporte na Logcomex, a Riverwood Capital aumenta a participação brasileira em seu portfólio de investidas. No passado, a empresa de capital de risco já investiu nas startups Arquivei, Gupy, Pixeon, Intelipost, Omie, Petlove, QuintoAndar e Vtex, além da 99.
"A Logcomex é hoje um exemplo mundial no que diz respeito ao fornecimento de ferramentas inteligentes para digitalizar a cadeira de suprimentos e dar mais eficiência ao comércio", diz Francisco Alvarez-Demalde, cofundador e managing partner da Riverwood Capital.
Em relação aos outros investidores do round, a Igah Ventures investiu na startup de segurança virtual Axur, em seu primeiro movimento após venda para o Pátria. A Alexia Ventures, por sua vez, participou de um “bridge” de série A na plataforma de comunicação Rocket.Chat.
No caso da Caravela Capital, o follow on foi feito com o capital remanescente de seu primeiro veículo de investimento, de R$ 80 milhões. “O investimento na Logcomex fez sentido porque é uma empresa com potencial de crescer mais de 10 vezes", diz Rodrigo Vieira, sócio da Caravela Capital. "A internacionalização pode destravar esse crescimento."