Em meio à turbulência de mercado intensificada pelo tarifaço global imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, uma empresa tem resistido e, principalmente, crescido ante ao risco de recessão: é a plataforma de streaming Netflix.
Relatório do Bank of America (BofA) aponta para blindagem da empresa sobre o cenário externo, principalmente pelo crescimento expressivo do volume de assinantes no mundo.
Neste ano, as ações da plataforma de streaming têm registrado alta em torno de 10% na Nasdaq, em contraponto à perda de 9% do S&P 500 e do declínio ainda mais acentuado, de cerca de 17%, das Sete Magníficas (Apple, Microsoft, Amazon, Alphabet, Meta, Nvidia e Tesla). Em 12 meses, os papeis da Netflix registram alta de 58%.
A Netflix acaba de anunciar que pretende mais do dobrar de tamanho até 2030, alcançando o valor de mercado de US$ 1 trilhão. Atualmente, a Netflix está avaliada em US$ 420 bilhões.
Com crescimento de 15,9% no volume de assinantes no quarto trimestre de 2024, alcançando a marca de 301,6 milhões de clientes, a Netflix planeja alcançar receita de US$ 44,5 bilhões em 2025, que representaria alta de 14% sobre o ano anterior (US$ 39 bilhões).
Para o BofA, o caminho contrário da companhia sobre uma possível crise na economia americana indica para a recomendação de compra de suas ações. O preço-alvo de US$ 1.175 para os próximos 12 meses representa uma alta de 26% em relação ao fechamento do papel no início da semana.
“Em meio à recente volatilidade do mercado, o forte modelo de assinatura da Netflix (que historicamente teve bom desempenho em recessão) fez da ação uma escolha defensiva para investidores e impulsionou um desempenho superior em relação a outras empresas de tecnologia”, escrevem no documento analistas do banco, liderados por Jessica Reif Ehrlich.
Para Joel Terranova, estrategista-chefe de mercado da Virtus Investment, a ação da Netflix pode ser vista como um ativo resistente a um cenário de crise. “Pense no comportamento do consumidor em um clima de recessão: o que você vai fazer menos?”, indaga Terranova, em entrevista à emissora CNBC. “As pessoas vão sair menos para se divertir, ficar mais em casa e aproveitar o entretenimento da Netflix.”
Ainda segundo analistas do BofA, a capacidade de crescimento a longo prazo do volume de assinantes em outros mercados além dos Estados Unidos, aliada ao aumento nos preços das assinaturas e do crescimento da receita em publicidade são fatores que explicam a aposta da valorização da companhia no mercado financeiro.
Somente no quarto trimestre, a plataforma ganhou 18,9 milhões de assinantes sobre o período anterior, por conta, principalmente, de séries de sucesso como Round 6 e transmissões ao vivo de jogos da NFL e da luta entre Mike Tyson e Jake Paul, vista por 108 milhões de espectadores, em novembro do ano passado.
Entre setembro e dezembro de 2024, a empresa registrou lucro líquido de US$ 1,87 bilhão. No período, o faturamento reportado foi de US$ 10,25 bilhões, 12,5% acima do trimestre anterior. Para os primeiros três meses de 2025, a expectativa é de chegar a US$ 104, bilhões, o que representaria uma alta de 11,2%.
“A empresa ainda vê uma oportunidade significativa de crescimento, impulsionada em grande parte pela expansão para mercados internacionais”, explicam os especialistas do banco. “Acreditamos que isso deve dar aos investidores confiança na capacidade da Netflix de crescer nos próximos anos.”